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grande perigo a segurança dos thronos, a estabilidade dos governos agora estabelecidos, e a felicidade das naçoens. Nao pode haver duvida de que os Soberanos da Europa empregaráo toda a sua energia em prevenir uma ruptura entre Hespanha e Portugal, insistindo na restauraçao de Monte-Video ao Soberano de Hespanha. Por este modo se desviarao de muitas naçoens os innumeraveis males da guerra.

"O conde de Palmella tem caracter apropriado para o arranjo deste negocio. He um Estadista illuminado, e nao pode deixar de olhar para a tremenda situação em que o seo paiz se acharia envolvido por uma guerra com Hespanha. Nao hé seguramente de recear que elle queira chamar contra si e contra o seo paiz o odio que a injustificavel ambiçaō de seo predecessor indubitavelmente excitou, recomendando e executando a injusta e impolitica invasaõ de Monte-Video. O mundo sentiria ver a alta e respeitada reputaçao do Conde de Palmella agora manchada por querer persistir em uma medida naõ só indigna de uma nação civilisada, mas provavelmente tendente a pôr em perigo a segurança e dignidade de seo Soberano. Nenhum negociador tem estado em situaçao mais responsavel do que elle. Os olhos do mundo olhariaô com indignaçaõ para o individuo que tornasse a acender os fachos da guerra. O Conde está plenamente auctorisado para terminar difinitivamente este importante negocio. O seo associado, o Embaxador Hespanhol, hé dotado de uma disposicao Conciliatoria; e os bem conhecidos dezejos do Duque, Fernan Nunez, de preservar a paz do

* Certamente, em compensaçao da generosidade porque Hespanha ainda nos occupa Olivença, tao briosa e lealmente ganhada pelo Governo Hespanhol! Nota dos REDAC

TORES.

mundo e a honra da naçaõ Hespanhola, dao as melhores esperanças de que um arranjo feliz e honroso será assim produzido, para dissipar todos os sustos e apparencias de uma ruptura.

"Este objecto hé igualmente interessante para todas as Potencias Europeas: tenho, por tanto, chamado a Vossa attençao para elle, è sou,-Senhor, vosso obediente criado

"PHILO JUSTITIA.

Paris, 14 de Fevreiro, 1818."

Resposta á Carta antecedente, dirigida ao mesmo Edictor do Times, e publicada na folha de 14 de Março, 1818.

"Senhor,-Permiti-me fazer algumas observaçoens Sobre a Carta inserida na Vossa folha de 21 de Fevreiro, e assignada Philo Justitia, a qual trata das negociaçoens que vao ter lugar entre Portugal e Hespanha a respeito da questao do Rio da Prata.

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"Diz o escriptor da Carta:"-Os Monarcas "alliados já manifestaram a sua opiniao, e naỡ se podem desdizer com honra ou justiça: pro"meteram nao abandonar Hespanha nao, permitir que as duas partes belligerantes se destruam, e "nao sanccionar o triumpho da naçao victo"riosa."

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Mas, Senhor, os Monarcas alliados, na sua Nota de Medeaçao, nao prometeram sustentar Hespanha sem ouvirem Portugal; prometeram couzas mais positivas e importantes, isto hé:Què elles na sua medeaçao seriaõ sempre guiados pelos principios de justiça e imparcialidade; que "estavao na firme resoluçao de conservar, quanto podessem, a paz do mundo; assim como tinhao in

tençaõ de terminar este negocio pelo modo mais justo, e mais comforme ao seo dezejo de manter a tranquilidade geral.

"Taes sao as bazes eo objecto principal da medeaçao; e hé evidente que o Governo Portuguez eos Medeadores nao podem consentir em arranjo algum, sobre este negocio, que ponha no menor perigo a segurança do Brazil. Os Medeadores conhecem melhor, do que até aqui tem conhecido o gabinete Hespanhol, que o objecto da questao, mais importante para a Hespanha e para toda a Europa, he, que a revoluçao nao se generalise em todo o territorio Americano; pois que todas as Potencias, ainda mesmo as que nao tem n'aquelle continente possessoens que perder, tem com tudo os maiores motivos para temer que o Contagio revolucionario, senhoreando-se da America, ganhe ali novas forças, e venha comunicar-se á Peninsula, e de pois á toda a Europa, aonde a mania de novas Constituiçoens, eo pyrronismo dos principios politicos e religiosos, com que tem sido educada a presente geraçao, fornecem materia combustivel bastante para se atear nella uma geral conflagraçao revolucionaria. Os Medeadores conhecem igualmente que uma guerra entre Portugal e Hespanha, acumulando males insuportaveis sobre os muitos que já os dois Reinos estao sofrendo pelas calamidades passadas, poderia cauzar a subversao dos dois thronos da Peninsula. Nao hé, portanto, possivel que os Monarcas alliados permitaô tal guerra, tendo o direito e poder de a impedir.

"He pois indubitavel, que, sendo a mediaçao das Potencias solicitada por Hespanha, se esta se obstinar em pertençoens que ponhao no menor risco a paz do mundo e a tranquilidade geral, os Medeadores, nao so por direito mas por dever, hao de obrar coherentemente com os principios

enunciados na sua Nota de mediaçao, e fallar á Hespanha com o mesmo tom energico com que fallaram na dita Nota á Corte do Brazil. E com muito mais fundamento o devem fazer agora que ouvem as razoens das duas partes interessadas na questao: o que nao succedeu quando as falsas informaçoens de Cevallos extorquiram da boa fé dos Medeadores aquella Nota de mediaçao. As Potencias Mediadoras tem dados bastantes para conhecerem que a politica iniqua e absurda do Ministro, a cima indicado, no seo ultimo Ministerio, foi um seguimento da que elle já tinha praticado antes de baixo da direcçaõ de Godoy, e cuja consequencia foi a destruição dos dois thronos da Peninsula em 1807 e 1808. Anteriormente á esta fatal epocha, o Ministerio destes malvados Ministros foi todo empregado em auxiliar os governos revolucionarios Francezes para a destruiçaõ dos thronos legitimos, assim como em uma perpetua hostilidade contra Portugal, procurando sempre apoderar-se delle, e fazer-lhe todo o prejuizo possivel. Os tratados de Basle, Badajos, Fontainebleau, e duas invasoens em Portugal, auxiliando as tropas Francezas, saõ documentos authenticos destas asserçoens.

"No seo Segundo Ministerio teve Cevallos a temeridade de recusar aos dezejos de toda a Europa, proclamados no Tratado de Vienna, a restituiçao de Olivença; sem attender que a liberaçao da Hespanha fôra devida, em mui grande parte, ao exercito Anglo-Lusitano, e que o Tratado de Badajoz, sendo effeito de uma guerra de agressao compulsiva e injusta, bé tao nullo como todos os Tratados da mesma natureza que a Corte de Hespanha foi compelida a assignar com a França em Madrid, e Baionna, e que as Potencias nao duvidaram reconhecer por nullos.

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"Não contente Cevallos de impedir por este modo a reconciliaçaõ e boa armonia entre as duas naçoens peninsulares, ousou ainda tentar em alguns gabinetes fazer reviver o infame Tratado de Fontainebleau para Portugal servir de indemnisaçao pela Toscana e Parma! Mas vendo regeitada com desprezo esta proposta atroz,. recorreu logo a intriga que tramou sobre a expediçao Portugueza para o Rio da Prata, desfigurando nos gabinetes dos Alliados os factos relativos a essa expediçao, e occultando todas as communicaçoens Officiaes que a haviao precedido, com o fim de conseguir que elles consentissem na invasaõ de Portugal por elle projectada.

"Eisaqui, Senhor, factos incontestaveis, e consideraçoens de muito maior importancia para as Potencias Europeas que todas essas Jeremiadas a cerca da ambiçaõ da Corte do Brazil, repetidas na Carta Philo-Justitiæ; e outras ainda mais fortes se poderiaõ enumerar se fosse necessario. A Corte do Brazil sempre reconheceu o direito de Senhorio de S. M. Catholica nas Provincias occupadas pelas tropas Portuguesas, apesar de as ter tomado a Artigas, que estava de posse dellas, e nao aos Hespanhoes, que ali nao tinhaỡ commando algum.

"As Potencias medeadoras sao muito justas e imparciaes para nao convirem no principio, que a segurança do Brazil nao pode ser garantida se nao pelas forças Portuguezas; por uma estricta neutralidade do Governo Portuguez a respeito de Buenos Ayres; e pela muito necessaria mediaçao, inteiramente pacifica, dos Alliados para a reconciliação das possessoens Hespanholas, limitrofes do Brazil, com a Metropole. expediçao Hespanhola, conjunctamente com a mediaçao, destruiria todo o bom effeito que esta pode produzir nos animos dos principaes parti

Uma

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