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já em o nosso N° 79, de Janeiro passado, a pag. 402, fallando de algumas ideas do nosso grande politico D. Luiz da Cunha, inculcámos como uteis estes estabelecimentos : em o No. seguinte diremos ainda sobre a materia alguma

couza.

INGLATERRA.

Memorandum.

Em o nosso No passado, pag. 92, houve uma notavel omissao typographica em a primeira parte do Artigo IX. da Convençao addicional ao Tratado de 22 de Janeiro, 1815, o qual artigo, como já dissemos, se acha transcripto a pag. 92. Elle deve ler-se como se segue, e as letras Italicas márcaráo a omissao:

ART. IX. S. M. Britannica, em conformidade ao que foi estipulado no Tratado de 22 de Janeiro de 1815, se obriga a conceder, pelo modo abaixo explicado, Indemnidades sufficientes a todos os donos de navios Portuguezes, e suas cargas, apresadas pelos Cruzadores Britannicos desde a epocha do primeiro de Junho de 1814 até a epocha em que as duas Commissoens indicadas no Art. 8° da prezente Convençaõ se acharem reunidas nos seos lugares respectivos

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Para melhor intelligencia da questao politica, que agora se discute entre Portugal e Hespanha, copeámos as duas cartas que appareceram no Times, uma das quaes hé contra o governo Portuguez, e a outra hé a seo favor.

primeira se verá como a Hespanha, esquecida das obrigaçoens que deve a Portugal, que

tanto sangue derramou pela sua restauraçao, e comprometendo a estreita alliança que agora une as duas naçoens procura excitar odios e rivalidades antigas, e até parece ainda nutrir essa idea petulante de dominar Portugal, idea que, para ser infame nos tempos prezentes, bastaria lembrar fôra consagrada no monstruoso Tratado de Fontainebleau, Mas felizmente houve quem desse mui positiva e ampla resposta a esse extraordinario Manifesto, em tempo de paz, contra o governo Portuguez; e esta resposta hé o assumpto da segunda carta que a cima mencionámos. Ella deve ser considerada, ainda alem disso, como um mui interessante documento politico, porque expoem em grande luz as ingratidoens e offensas que Portugal tem recebido de Hespanha. Hé provavel que o Senhor Philo-Justitia nao replique; e pelo menos, somos de opiniao que nao o deveria tentar, sem primeiro fazer esquecer á Europa as famosas invasoens de Hespanha contra Portugal nos memoraveis annos de 1811, e 1807.

Em o nosso No. antecedente, fallando dos debates Parlamentares, fizemos menção á pag. 134, de um Bill chamado de Indemnidade, proposto na Caza dos Lords na sessão do dia 25 de Fevreiro. Este Bill passou na mesma Caza na Sessao do dia 3 de Março, e foi dali remetido para a Caza dos Communs, aonde tambem, depois dos debates de costume, passou na Sessao do dia 13 do dito mez de Março. Na Caza dos Lords houveram alguns Membros, que fizeraõ contra elle um protesto solemne. Seos nomes sao os seguintes:- King; Auckland; Vassal Holland; Lansdown; Rosslyn; Erskine; Carnarvon; Grosvenor; Lauderdale; Montford.

Alem deste debate de grande interesse publico, houve ainda outro na Sessao da Caza dos

Communs do dia 3 de Março, em consequencia de uma proposta de Mr. Philips contra o sistema de empregar delatores e espioens. Sentimos naō poder dar por inteiro os discursos, que produzio esta interessante questao, ou pelo menos fazer delles algum extracto; porque este assumpto interessa todos os homens e todos os governos. Nós já em alguma parte dicemos, tratando do mesmo objecto, que este emprego infame nascêra em Roma nos tempos mais corruptos da sua historia; e com effeito elle sempre indica, quando reduzido a sistema permanente, uma grande immoralidade social e politica. Quem poderia acreditar, escreveu, segundo nos parece, Champfort, que antes da revoluçao, ao ver um cavalleiro de S. Luiz, se suspeitasse estar vendo um espiao de policia? Pois quando os governos perdem sua moralidade até o ponto de conferirem os premios do valor, da probidade, e da honra, a vileza, á corrupçao, e á infamia; com que estabilidade podem contar esses mesmos governos?

As noticias mais interessantes, alem das que já ficao transcriptas nas paginas antecedentes deste No., sao:-que se falla outra vez em um Congresso dos Soberanos, o qual deve ter lugar em Dusseldorf, como appendice ao Congresso de Vienna.

Por cartas de Buenos Ayres, com data de 22 de Dezembro, proximo passado, consta que as tropas Portuguezas na margem oriental do Rio da Prata, tomaram posse da Colonia do Sacramento no dia 20 do dito mez. Artigas occupava aquelle ponto, como estaçao maritima, donde tinha feito sahir alguns corsarios contra o Bandeira Portugueza.

Os Independentes do Mexico, em vingança
VOL XXI.
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da morte, que se deu ao General Mina,* que foi feito prisioneiro, mataram 120 Hespanhoes, dos quaes 8 eraõ officiaes. Em quanto os odios e as vinganças levarem este caminho na America Hespanhola, bem poucas esperanças podem haver de reconciliação e tranquilidade.

CORRESPONDENCIA.

SNRS. REDACTORES DO INVESTIGADOR;

Achando-me um dia destes na Praça de Londres ouvi que haviaō letras do Governo do Brazil, pela soma de 15,000 libras, sacadas sobre a Administraçao Portugueza nesta Cidade. Mas ao mesmo tempo que reflexoens è que comentos ouvi tembem fazer á cerca desta notavel transacçao mercantil? O cambio de todas as letras para esta Praça foi na mesma occasiao a 70, e o das letras do Governo do Brazil a 73! Ouvi ainda mais, que alem desta vergonhosa perda do cambio de 3 pence por 1,000 reis, o corretor das letras no Rio tinha recebido 2 por cento de corretagem; e que, contra todas as leis do commercio, tinha sido o corretor, e depois as tomára para si com esta escandaloza usura; sim escandaloza, porque

em

Londres a corretagem, &c. de letras andará por por cento! Por este modo perdeu

* Sobrinho do famozo Mina, que tanto figurou em Hespanha contra os Francezes.

o Governo do Rio nesta miseravel transacçao perto de 4 contos de Reis; e se assim for continuando, bem justo será que ao Snr. Thesoureiro-mor do Erario se dê a coroa civica por sua bella administraçao! Porque nao aceitaria antes o mesmo Thesoureiro-mor dinheiro á 1 por cento ao mez do Snr. Samuel Philips, que dizem costuma fazer estes favores ao Erario do Rio de Janeiro, e que agora foi o corretor, e tomou para si estas letras do governo? Era melhor pagar esta enormissima usura do que expor á vergonha e aos dicterios, na maior Praça do Commercio do mundo, o credito do Erario do Brazil, e até a honra de El Rey.

Ainda isto nao hé tudo, Senhores Redactores; Cartas de Cazas de Commercio mui respeitaveis do Rio de Janeiro dizem, que a mesma operação havia de continuar nos Paquetes seguintes, e que o primeiro saque seria de 20,000 libras, a fim de. engolirem, como querem, até as 300,000 libras, que esperao sejao brevemente pagas pelo governo Inglez, como indemnisação das prezas de escravatura. Ora Vmces, dicerao no seo No 81 deste presente mez, a pag. 133, que da dita quantia se havia de pagar até o ultimo real o que á cada um se devesse; mas se ellas cahem nas maons do bom administrador o Thesoureiro-mor do Erario do Rio, ou do seo generoso Agente, ádeos indemnisaçoens pela perda dos navios de escravatura!-Nao enfado mais a Vmces. de quem sou, &c. &c. &c.

Um PORTUGUEZ, que chora as desgraças da patria.

21 de Março, 1818.

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