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Harvard College Librasy

June 27, 1921

Gift of

John B. Stetson, Jr.

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Condo et compono, quæ mox depromere possim-HOR.

LITERATURA PORTUGUEZA
E ESTRANGEIRA.

ELOGIO por occasiaõ do Fausto, e Gloriozo Successo das Armas Portuguezas contra os Insurgentes de Pernambuco Composto, e Offerecido ao Muito Alto, e Muito Poderozo Senhor D. Joao VI. Rei do Reino Unido de Portugal, do Brazil, e dos Algarves.-Por seu reverente, e fiel Vassallo, MANOEL JOAQUIM DA SILVA PORTO.

Senhor, Benigno acolhe a tenue offrenda
De quem no Jugo Teu se honra, e Te adora.

A tous les cœurs bien nés que la Patrie est chere!

VENDO a Discordia, o mais cruel dos Monstros,

Ter-se tornado vao o atroz esforço

Com que arruinar tentou a Europa înteira,
Da horida touca arrepellando as serpes,

Surge irascivel lá do Averno hediondo;
E attentando em Paiz onde a seu geito
Os mais enormes crimes perpetrasse,
Ao centro do Brazil já se encaminha;
E mesmo alli, onde inclita memoria
Outr'ora, ao Rei tuo fidos, já alcancáraō
Vieiras, Cameroens, e Henrique Dias,
Que horror! O Monstro a seduzir se apressa
Poucos maus Portuguezes, e os rebella

A's sacras Leis de um Rei que o mundo admira,
Cuja Alta Stirpe os Ceos muita há que escudaō !
Eis ao rumor deste hórrido attentado
Os Portuguezes probos se estimulaō.
Já brio heroico em coraçoens ingentes
Nao soffre impunes da perfidia os crimes
Contra o Rei perpetrados, que alto adoraō;
E em nobre ardor já súbito abrazados,
Só vingança anhelando, ás Armas correm.
Eis já cada soldado um Leaō se antolha,
Eis, todos com seu Rei no intimo d'alma,
Bravos desafiando o prigo, e a morte,
Ledos já marchaō c'o a victoria ao lado,
Té que da Gloria o campo em fim já trilhaō;
E ao fero aspecto das Legioens tremendas,
Onde as Sagradas Quinas vaõ fluctuando,

Vacilla o Monstro, e treme; e ardendo em furias,
Com medonho, estrondozo, e horrivel baque
Ao centro dos Infernos já se arroja.
Nova força á Justiça os Ceos prestáraō,

E o fim cruel os perfidos já virao

Que ver compete aos Chefes sediciozos
De revoluçoens terrificas, e injustas.

Vingou-se o Rei; e a Fama em todo o Globo
Tem celebrado a Luza alta Victoria.

Mas tal successo acazo a alguem foi dúbio?
Um momento sequer podéra crêr-se
Que a Naçao mais brioza do Universo
Tolerasse em seu seio a vil perfidia
Taes crimes perpetrar que a enxovalhassem?
Seu graō Decoro assim perder quizera?
Ella, que altiva sempre, e em seu começo,
Zombou das furias das Legioens Romanas,
Sendo de Roma o mundo inteiro escravo!
Ella, que aos pés calcando as Mauras Luas,
De vencer liçoens dando ao mundo inteiro,
Claros Padroens se alçou de eterna fama !
Que, apartados por fim do natal clima
Seus dignos filhos, sôffregos de gloria,

Buscando sempre altear da Patria o brilho,
E por seu Rei de grado expondo as vidas,
Com nunca visto esforço A'frica expugnao!
Que a Empresas grandes promptos, e arrojados,
Por ver da Gloria as ultimas balizas,
Largos, e ignótos mares invadindo,

E aspérrimas procellas affontando,

A's mais longes Regioens do occulto oriente
Conduzirao o estrago, o horror, e a morte;
Vendo em combates crus, sempre triunfantes,
Ao seu valor immensos Reis rendidos;
Assombrado nomeando inda hoje o mundo
Gamas, Almeidas, Castros, e Albuquerques,
E outros que á Gloria hao decorado o Alcaçar!
Que o graō Brazil felizes descobrindo,
Com incançaveis, e asperas fatigas

Lhe hao preparado a pompa em que hoje brilha !
Que hao rompido, e para sempre, o Ibero jugo!
E que, en recentes prósperas victorias
Contra a soberba Galia, e o seu Tyranno,
Bravos segarao naō-murchaveis louros !
Ella, digo, que altiva, e em seu principio,
Nunca impune soffrêo insulto estranho,
Como o pode soffrer hoje, e em seu seio,
De proprios filhos seus poucos, e iniquos,
Quando do Imperio seu a alta grandeza
Abarca já do mundo as quatro partes,
E sob as Leis de um Sexto Joao se altea ?
Se alguem o assim pensou foi nimio injusto.
Tremao do Imperio tríplice os perversos:
De uniaō taõ fausta o mundo inteiro trema.
Sim, o' naçao brioza, e a mais illustre
De quantas hoje existem, e existiram
Desque do escuro cáhos surgíra o mundo;
De extremados Heroes fóco inexhausto :
'O Grande, Augusta, O veneranda Patria,
Que he teu brazaō ser fida aos teus Monarcas;
Tu, que os mais nobres Feitos praticando,
Hás constante transposto assombro á assombro,
E da mais alta gloria possuídora,
Canças as tubas da volátil Fama;

Que sem vil mancha vês mui puro, e claro
Ser teu grao Nome ouvido, e respeitado
Da roxa Aurora ao ultimo Occidente,
Desde o Antarcito pólo até Callisto ;
Eia, enleva-te fausta em teus Destinos.
Venceste em fim; despedaçaste os ferros,
Nos negros antros da traição forjados,

Que os teus condignos filhos opprimiaō.
A' magestoza Crôa que te exorna
Ajunta mais estes viçozos louros ;
Este novo Tropheo recolhe e exulta,
Que eu, cheio de prazer, te congratulo.
Recebe o voto puro, e o mais solemne
Que, do filial dever estimulado,

No Altar da Honra eu hoje te consagro.
Prossegue sempre em teu caracter fida,
Serás dos Ceos bem quista, e abençoada,
E aos teus gloria darás, e a estranhos susto.
E Tu, O Grande Rei, O Sacro Nume,
Que, só para aditar a Especie Humana,

Lá dos mais altos Ceos baixaste ao mundo;

E em vasto Imperio, e em Throno Avito, e Heroico
C'o a clemencia de Tito o Sceptro empunhas;
Que hes celebrado, e hes crido em toda a Terra
Pai do Teu povo, e de Virtudes fóco;
Exulta, Exulta Fausto, e Vive, e Reina,
Que do Teu Solio Augusto a Ingente Baze
Abalar-se-bá, mas só c'o a Eternidade.
As promessas de um Deos nao saō falliveis.
Vê como os filhos Teus, de gloria cheios,
E os mesmos que a traiçao tinha algemado,
Correm por defender-te a arrostrar p'rigos,
E a disputar Laureis c'o a propria morte!
Vê como hoje inda impavidos existem
Novos Pachecos, Nunos, e Ataides!
Como aguerridos saō, e ao seu Monarca
Tanto fieis quanto os primeiros foraō!
De Avos tao grandes sao condignos netos.
Elles degenerar jamais podiaō,

Que o Cordeiro do Leaō nunca foi prole.
E a um leve aceno Teu, se for precizo,
Veras cada um novo Hércules tornar-se,
Entrar nos negros antros dos Infernos,
E hir suffocar o inexoravel Dite.
Exulta, Exulta Fausto, e Vive, e Reina,
E vé, Senhor, qual hé mais excellente
Se ser do mundo Rei, se de tal gente.

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