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para os medeadores manterem energicamente os principios proclamados na sua Nota de Mediaçao, de terminarem a contenda entre as Cortes de Hespanha e do Brazil pelo modo o mais justo e o mais conforme aos dezejos que elles tem de manter a tranquilidade geral: e por conseguinte, nao hao de consentir em transacçaõ alguma que comprometa a segurança e tranquilidade dos Estados de S. M. F.

Hé inteiramente falsa a asserçaõ de PhiloJustitia, que o governo do Brazil dezeja mostrar que a posse da margem oriental da Prata seria uma compensaçaõ pela perda de Olivença. Sempre o governo do Brazil declarou officialmente, que as questoens do Rio da Prata e de Olivença eraỡ distinctas, e independentes uma da outra. Porem deixo este ponto para ser objecto de outra carta em que responderei ao que sobre elle diz Philo-Justitia, e ao sophistico commentario do seo amigo Averruncus, inserido na vossa folha de 7 de Abril.

Concluo esta Carta, Senhor, protestando, que eu nada dezejo tanto como a perfeita reconciliaçaõ e cordeal uniao das duas naçõens Peninsulares, de que lhes podem provir immensas vantagens, e a toda a Europa; que formo a melhor idea dos sentimentos do Monarca Hespanhol, do seo actual Ministerio, e daquella naçaõ reflexiva e generosa; e só declaro a guerra aos séquazes da insensate politica de Godoy e Cevallos, fundada na desuniao perpetua de duas naçoens que o proprio interesse deve ter unidas com vinculos da mais perfeita amisade ;-politica, que causou o suicidio da Monarquia Hespanhola em 1808, e que o renovará mais efficasmente agora se continua a ser adoptada. Porque nao falla Philo-Justitia esta lingoagem? Porque nao trabalha em estabelecer aquella desejada uniao, VOL. XXI. 3 A

declarando tambem guerra á uma politica tao abominavel?

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Eu sou, Senhor, &c. &c. &c.

VERITAS.

P. S. Depois de haver escripto esta Carta recebi a vossa Gazeta de 13 do corrente Abril, em que vejo outra Carta de Averruncus. Como o Portuguez independente já lhe respondeu a respeito da questao de Olivença, e os factos incontestaveis que elle aponta nao tem sido até agora refutados, só me limitarei á outra parte da carta em que Averruncus insidiozamente. diz, que S. M. Fidelissima ordenou o sequestro das propriedades dos Inglezes seos alliados, e fechou os portos á seos navios. O facto hé como se segue: Os vassallos de S. M. Britannica, em consequencia do avizo que tiveram, e das ordens que o governo Portuguez deu á todas as Alfandegas do Reino, embarcaram todos os seos bens, sem por elles pagarem direitos ou emolumentos alguns e em prova da verdade do meo ditto appello para todos os individuos Inglezes, que se acharam nessas circunstancias. E E posso, alem disso acrescentar, que aquella medida foi enteiramente forçada, e que só foi uma dessas fataes consequencias que resultaram do infame Tratado de Fontainbleau, e da perfida politica de Godoy e seos coadjuvadores.

REFLEXOENS SOBRE ALGUNS ARTIGOS DESTE NUMERO.

"Vitam impendere vero, et reipublicæ patriæ."

"Empregaremos a vida em defender a verdade, nosso Rey, e nossa Patria:")

POLITICA E VARIEDADES,

Rio de Janeiro.

Neste artigo publicámos o Edital em que se partecipa ao publico como se hao de arbitrar as contas, relativas aos navios de escravatura tomados pelos cruzadores Inglezes. Por elle se vê como o governo está disposto a satisfazer prontamente as perdas que os negociantes Portuguezes tem sofrido naquelle trafico, e como estas perdas lhes vao ser indemnisadas pelas 300,000 libras pagas pelo governo Britannico. Assim, estimâmos ter já partecipado em o nosso No. 81 de Março passado, a pag. 133,-que os negociantes Portuguezes podiao estar certos que daquella soma, destinada para resarcir seos damnos, se havia de pagar á cada um, até o ultimo real, quanto pelos meios legaes mostrassem lhes era devido.

A noticia mais interessante, chegada no ultimo Paquete do Brazil, hé a Acclamação do Senhor D. Joao VI, Rey do Reino Unido de Portugal, Brazil, e Algarves, no dia 6 de Fevreiro de 1818. Deste novo Reinado, o primeiro Reinado Europeo que vê o novo mundo, devem datar acontecimentos que estavao mui longe de prever-se

antes de 1807: assim este acontecimento extraordinario marca uma nova epocha na historia da Europa e da America. Com elle estao ligados os grandes destinos da vasta e antiga Monarquia Portugueza. Deos a conserve ligada e unida, como hoje indica o seo novo titulo; e Deos illumine seo novo Monarca e seos conselheiros, para que esta uniaō se firme nos coraçoens dos Portuguezes de ambos os mundos com os vinculos, que nunca morrem, do interesse reciproco e bem entendido; unica baze da eterna dura çao de todas as familias politicas.

Para dar-mos idea á nossos leitores do apparato e solemnidade desta Augusta cerimonia politica, passamos a copear literalmente o Artigo que a Gazeta do Rio de Janeiro publicou no dia 10 de Fevreiro de 1818.

Acclamação do Senhor D. Joao VI, Rey de Portugal, Brazil, e Algarves.

(Extracto da Gazeta extraordinaria do Rio de Janeiro de 10 de Fevreiro de 1818.)

"O glorioso Acto da Acclamação do Senhor Dom Joao Sexto, Nosso Augusto Soberano e Modelo dos Monarcas do Universo, annunciado na Gazeta precedente, vai hoje fixar as mais serias attençoens dos nossos leitores, e ser o objecto da nossa narraçao ingenua e singela; desejando e rogando que a imperfeiçao do estilo supprao aquelles generosos sentimentos, que tao brilhantemente se ostentáraō no dia 6 do corrente.

No dia precedente havia já o Senado da Camara annunciado ao povo que Sua Magestade marcára este feliz dia para formar uma nova epoca nos fastos de Portugal, Demorar-nos

hemos um momento em descrever o apparato com que se fez aquella publicaçao. Rompia o cortejo uma guarda a cavallo do Real Corpo da Policia. Seguia uma banda militar de musica, e logo os officiaes de justiça, os almotaces, e os Senadores com o seo Presidente, todos ricamente adornados com capas de seda preta com bandas brancas bordadas com primor. Accompanhava o numeroso estado de cavallo das Reaes Cavalherices soberbamente ajaezados, e guiados por criados da Caza Real em grande uniforme, seguindo-se o vistoso estado dos Senadores. Fechava este apparatoso acompanhamento um grosso destacamento de cavallaria, e outra banda de musica.

Nesta ordem se dirigirao ao Real Paço da Boa Vista, onde estava S. M. e AA. RR. Ali se leu pela primeira vez o bando, e depois de alegres vivas alternados com o Hymno nacional, retrogradáraõ e vierao ao Palacio da Corte, onde se achava a Rainha Nossa Senhora e Suas Augustas Filhas. Passárao entao ás praças e ruas principaes da cidade, encontrando por toda a parte o maior enthusiasmo, e o mais vivo prazer em um povo que tanto ama Seu Augusto Monarca.Raiou finalmente o dia 6 tao anciosamente desejado e que devia ser testemunha do mais completo prazer; e a sua primeira luz foi festejada pelas fortalezas e pelos navios de guerra surtos neste porto.

Devendo celebrar-se, segundo o costume, a Missa Votiva do Espirito Santo, e concorrendo neste dia a festividade das Chagas de Christo, que o Senhor D. Affonso Henriques recebera no campo de Ourique, como signal e garantia da protecção, com que o Omnipotente ampararia a Portugal; El Rey Nosso Senhor em demonstraçao da Sua Devoçao, fez cantar a Missa compe

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