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"Eu estou assas convencido da lealdade e bom senso da grande parte dos vassallos de sua Magestade, para os suppor capazes de serem pervertidos pelos meios, quo se empregao para os seduzir; mas estou igualmente determinado á lançar mao de todas as precauçoens, a fim de conservar a publica tranquillidade, e frustrar os designios os designios dos desafeiçoados. Assim, ponho toda a confiança no Vosso cordial apoyo, e cooperaçao, para sustentar um systema de legislação e governo, o qual nós há ministrado vantagens inestimaveis, e nos habilitou para concluir-mos com gloria sem exemplo, uma contenda de que dependiao os mais importantes interesses do genero humano; o qual em fim nós mesmos até agora temos achado ser, (como até as outras naçoens reconhecem) o mais perfeito que tem cabido por sorte á qualquer povo."

Ataque contra a Pessoa do Principe Regente.

Acabada a falla que temos transcripto, os Communs se retirarm, e S. A. R. voltou com o mesmo cortejo para o seo palacio. Mas a multidaõ do povo, que se havia juntado em St. James's Park, em Whitehall, e em Parliament-Street para ver o accompanhamento do Principe, era immensa. Entao, entre os vivas do costume, se entraram tambem a ouvir muitas expreçoens e epithetos injuriozos para a pessoa de S. A. R., e a desordem chegou a ponto de haverem scelerados, que ouzaram atacar com pedras a propria carruagem do Principe Regente. Foi quazi mesmo de fronte do muro do Park de Carleton House que o vidro de um dos postigos da carruagem de S. A. R. foi quebrado em duas partes, e depois por um segundo golpe, feito todo em pedaços. Ainda nao hé certo se a primeira fractura foi produzida por bala atirada por pistola ou espingarda de vento, ou simplesmente por effeito de pedras, porque dentro da carruagem nao appareceo couza que podesse aclarar esta duvida.

Esta terrivel noticia foi immediatamente communicada á Caza dos Lords, que tambem a transmitio aos

Communs; e em ambas as cazas se suspendeo o debate sobre os agradecimentos ordinarios ao Principe pelo discurso que fez. Em lugar delle passaram os Lords a votar sobre uma reprezentaçao que se destinou logo fazer a S. A. R. a fim de lhe manifestar o horror que sentia a camera com os procedimentos que acabavao de acontecer. A reprezentaçao, que unanimemente se adoptou, foi a seguinte:

"Nós, os mais respeituosos e leaes vassallos de S. M. os Lords espirituaes e temporaes juntos em Parlamento pedimos licença para hir a prezença de V. A. R. e humildemente manifestar-lhe o horror que nos cauza a offensa cometida contra V. A. R. na sua volta do Parlamento:-Certificar a V. A. R. que nós sentimos a mais profunda dor e indignaçaõ de que nos dominios de S. M. tenha havido individuo capaz de cometer um ataque tao atrevido e atroz:-e declarar-lhe os nossos sinceros dezejos, nos quaes certamente seremos acompanhados por todas as classes dos vassallos de S. M. que V. A. R. haja por bem tomar sem demora todas as medidas para descobrir e castigar os instigadores e auctores de tao nefando delicto."

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Esta mesma Reprezentaçao foi immediatamente communicada a caza dos Communs, que tambem unanimemente a adoptou. O Principe respondeo a ella com todas as demonstraçoens de agradecimento.

No dia seguinte, 29 de Janeiro, se reassumio o debate sobre os agradecimentos ordinarios. Estes forao propostos na caza dos Lords pelo conde de Dartmouth, e logo apoiados pelo conde de Rothes, mas foraō contrariados por uma emenda proposta pelo conde Grey. Com tudo, a final, esta mesma emenda, sendo posta a votos, foi unanimemente regeitada; e assim os agradecimentos forao tambem unanimemente dados por toda a caza.

Na caza dos Communs foi Lord Valletort quem propoz os mesmos ordinarios agradecimentos; e quem os contrariou com uma emenda foi Mr. Ponsonby. Com tudo, a final, e depois dos costumados debates, esta emenda teve so 112 votos a favor, e 264 contra. Assim, a maioria a favor dos ministros foi de 152 votos.

Hé impossivel poder copiar os interessantes discursos, que de parte a parte se fazem em ambas as

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cazas do Parlamento, ou ainda mesmo dar delles sufficientes e intelligiveis extractos: só este artigo faria per si mesmo um Jornal tao volumozo como hé todo O nosso. Todavia, procuraremos sempre dar, ao menos, a historia destes debates, particularmente nesta Sessao, que principia com tao extraordinarias circun

stancias.

Na mesma Sessaõ do dia 29, Lord Cochrane aprezentou na camera diversas petiçoens em que se pede a reforma do Parlamento, e das quaes a primeira, que era de Bristol, estava assignada por 20,700 pessoas. Umas forao recebidas e outras nao, porque se achou que a lingoagem de algumas nao era essas comedida, nem decoroza. Diz-se que o numero destas Petiçoens já chega quazi a mil, e que os individuos nellas assignados andao por meio milhao. Assim, esta questaõ, que nunca se tem excitado tao forte e geralmente como agora, há de produzir debates de grande importancia.

Quanto ao ataque feito contra a pessoa do Principe Regente, nao se tem por hora publicado novas particularidades attendiveis. Há só uma promessa de 1,000l. para quem descobrir as pessoas que atiraram pedradas a carruagem do Principe, e uma promessa de perdao a todos comprehendidos nesta desordem, a excepçaõ do individuo, que particularmente quebrou o vidro do postigo do Coche d'Estado, em que estava S. A. R.

CONRESPONDENCIA.

SNR. REDACTORES DO INVESTIGADOR PORTUGUEZ.

Londres, 25 de Janeiro, de 1817.

Tomo a confiança de remetter a Vmces. o seguinte extracto do Morning Chronicle, de 17 do corrente, que merece bem um lugar no seu Jornal para exultaçaõ dos fieis, confusaõ dos incredulos, consolaçaõ dos descontentes e instrucçaõ de todos.

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Depois do Jornalista Inglez haver discorrido a seu modo sobre a expediçaõ dos Portuguezes ao Rio da Prata, continua dizendo :

"Nao pode haver duvida que a intrada das tropas Portuguezas no territorio de Monte-Video hé de concerto com Fernando de Hespanha, para reconquistar as colonias que conseguirao libertar-se do seu jugo. A intervenção dos Portuguezes para a escravidao de tantos milhoens de almas hé um ultraje feito á liberdade geral: porem nós, como Inglezes, temos mais motivos para nos interessar neste negocio; e esperâmos que na proxima sessao do Parlamento, algum membro interrogue os ministros de Sua Magestade :1o. Sobre o motivo da viagem do Marechal Beresford ao Brazil.

2o. Se tem havido alguma correspondencia sobre a proposta invasao do territorio de Monte-Video:

3o. Se o Marechal Beresford; actualmente general no exercito Inglez, recebendo soldo, e tendo um regimento, veio reassumir o commando do exercito Portuguez, e se está, ou nao, authorisado para mandar reforços para o Brazil, que elle mesmo com outros officiaes Inglezes, organisara, e disciplinara ?"

E vai continuando o bom Jornalista a fazer generaes, e ministros responsaveis pelo que se esta fazendo nos dominios de Portugal, como se fosse nos de S. M. Britannica! Donde se vé que o marechal Beresford esta em actual serviço de seu Rey, e querem que seja, por conseguinte responsavel ao seo governo pelo que obrar no serviço de Portugal, onde exerce o commando em chefe do exercito!

Agora occorre-me uma pergunta. Diz o Evangelho que" Nenhum servo pode servir a dois Senhores; porque, ou há de amar um, e abhorrecer o outro; ou há de zelar um e desprezar o outro."

Ora o Marechal Beresford tem a El Rey de Inglaterra por seu legitimo Senhor, em cujo serviço está, e a quem deve fidelidade e obediencia imprescriptiveis, quer esteja em serviço quer nao: e também chama seu Senhor a El Rey de Portugal, em cujos dominios e serviço está empregado, com uma actividade nunca vista em tempo de paz; e com uma authoridade nunca

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d'antes exercida por vassallo Portuguez ou estrangeiro nem em tempo de paz, nem em tempo de guerra.

Como se isto pode fazer sem desmentir o texto sagrado; sem se comprometter a responsabilidade Ingleza do Marechal Beresford; nem ficarem prejudicados os interesses, a independencia, a dignidade, a soberania e honra da naçao Portugueza, hé que eu queria que me explicassem os sabios do tempo.

Esta explicação dezejariaõ bem ter todos os bons Portuguezes, e muito principalmente eu que sou,

UM PORTUGUEZ d'algum dia.

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