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das carruagens de carga, exigindo-se nas barreiras maior preço por aquellas de pas mais delgadas do que por aquellas de pinas grossas, como de 8 a 10 polegadas; porque as delgadas cortao e fazem sobrerodas por onde passao, e as grossas, pelo contrario, melhorao o Caminho. Essa inspeçcao será confiada aos arrematantes das barreiras, que seraō estimulados pelo proprio interesse. Parece desnecessario lembrar, que ao fazer as estradas se cuide no aproveitamento das agoas que se encontrarem capazes para chafarises aonde possao beber a gente e os gados, e os sobejos se empreguem nas regas, como tambem de assombrar taes lugares com plantaçoens de adequadas arvores, mas de forma que as raizes dellas nunca cheguem a hir entupir e arruinar os canos que trazem a agoa.

As boas estradas dao valor aos terrenos por onde passaō e a aquelles que lhes sao vezinhos: por inferiores que naturalmente sejao sempre sao aproveitados, se nao ha obstaculo natural ou de instituiçao humana, que se lhe opponha, naõ permitindo que o lavrador, que os cultiva, ache nelles proveito correspondente ao seo trabalho e despezas. Por obstaculo de instituiçao humana entendo o excesso nas pensoens de qualquer natureza ou dominaçao que sejaō, antigas ou modernas, alem da devacidao que lhes possa cauzar a caça de coutadas naō muradas.

Por effeito de boas estradas se encurtao as distancias; deminuem-se as despezas dos transportes dos generos e das pessoas; faz-se mais em menos tempo; com a acceleraçao ao interior tambem se excita a do exterior; e augmentao-se as reproduccoens das cousas, da gente e dos animaes, e da riqueza e da força do estado. Calculaō-se haver em Portugal tres milhoens de habitantes, e julga-se ser susceptivel de triplicado numero, se o governo lhe aplicar prpoporcionados meios, taes como os apontados, e outros muitos igualmente convenientes, mais breves e mais faceis, como sao-dificultar as admissoens nas ordens sacras e nos claustros, como ja o havia sabiamente feito o Snr. Rey D. Joze I. e principiado a practicar, e cessou depois do seo fallecimento.

Já que no referido ponto citei o Snr. Rey D. Joze, tambem o citarei ainda no modo severo de reprimir

os contrabandos tanto em de fraudaçaõ dos direitos, como a respeito da cousa cuja entrada era prohibida e isto sem consideraçao alguma por qualquer que fosse o delinquente, pois que era effectivamente um inimigo do Rey e da cauza publica. A fazenda que hé admitida, pagando os direitos, e se introduz sem os pagar, hé outro tanto que se rouba do Real Erario; e à introducçao daquella, que a lei repulsa, hé um ataque feito a industria nacional, e pao extorquido ás pessoas que no Reino vivem ao abrigo das leis de tal fabricação, e nella com seos filhos despendem o producto de seo trabalho.

Proporia que nao se queimassem, mas sim que, depois de marcadas com um sello particular, se vendessem desde logo em leilao pela Junta do Commercio, a sua porta, as fazendas prohibidas: e o seo producto, tiradas a parte do denunciante ou aprezador, e mais despezas, se recolhesse em um cofre, do qual sahisse convertido em premios que se mandassem dar em recompensas de novos inventos, e novas introducçoens de obras d'arte ou de agricultura.

A par da utilidade das estradas seria aquella da navegaçao interior, multiplicada por effeito de bem feitorias de que sao susceptiveis os rios, fazendo-lhes para isso as obras d'arte necessarias, e abrindo canaes em todas as partes que os podem admitir convenientemente. Pelo uzo que se faz delles deveria seo rendimento indemnizar os emprehendedores, que por acçoens os tivessem feito com auctoridade e protecçao do governo, como se pratica em Inglaterra, aonde taes, e outras obras publicas costumao fazer-se por agregaçoens de particulares, auctorizadas as condiçoens pelo parlamento: assim se tem feito, e continua a fazer essa immensidade de canaes e pontes que há no Reino Unido. Hé isto uma colocaçao de fundos para os interessados, e grande proveito para a nação e seo commercio pela actividade que daqui recebe o publico.

Portugal e o Brazil, considerados como partes de um mesmo todo, devem para o proprio consumo preferir as respectivas producçoens as estrangeiras, assim naturaes como mauufacturadas, e repulsar com proporcionados direitos de entrada simelhantes generos estrangeiros. Nesse caso se devem considerar no YOL. XV. C

Brazil o Sal marinho, o Vinho, o azeite de Oliveira, o Vinagre, as fructas conservadas, prezuntos e carnes ensacadas de Portugal, como igualmente todas as producçoens de suas manufacturas de qualquer genero; e assim, vice versa, em Portugal a respeito de todas as producçoens naturaes ou de arte do Brazil.

Este Imperio, cujas partes estao espalhadas em tamanha distancia umas das outras, tendo o Oceano por entre meio dellas, deve de necessidade ser Potencia maritima das da primeira ordem, se no seo proprio governo, quer seja por inercia, descuido, ou falsas prevençoens nao achar opposição, e adoptar quanto antes o systema de navegaçao com o qual Cromwell deo a Inglaterra o senhorio dos máres do globo.

O Brazil tem abundancia das melhores madeiras de construcçao; mas por pezadas nao servem estas para o aparelho de mastreaçao e vergas; e como lhe saō de muito custo, por causa da distancia, as do norte da Europa pelo Baltico ou mar Negro, me lembra propor ao Governo de mandar desde logo, por meio de ensaio, suprir esta falta com mastros e vergas ôcas, compostas de taboas amarradas com cintas de cordagem, e as juntas feitas a maneira dos constructores. Em Londres no topo e junto da ponte de Westminster, há o estalleiro de Mr. Smart, que tem um privilegio exclusivo para uzar deste methodo de construir: por este modo os mastros e as vergas podem admitir madeiros mais delgados e mais curtos. A experiencia faria o resto.

Outra materia prima, indespensavel a navegaçao, e nao menos importante para se naturalizar no Brazil, que julgo ser de facil execuçao, hé a producçao do cunhamo assim para o fabrico da cordage, sem excepçao, como do velame, quer sejao estas cousas manufacturadas no Brazil quer em Portugal: pois que o transporte da tal materia do Brazil até Lisboa será com pouca differença, e por melhores máres, o mesmo que do Baltico.

O primeiro lucro a favor da navegaçaõ deve ser aquelle rezultante da construcçao dos proprios vazos com materias indigenas: e talvez que aplicando-se lhe os meios necessarios possa Portugal, per si mesmo, fornecer dos seos actuaes e futuros pinhaes provizao de pêz e de alcatrao, e naturalizar no Brazil os pinheiros da Europa e do norte d'America: experiencia, a que seria util recorrer quanto antes possivel.

Já houve quem recommendou os areaes das Costas do mar em Portugal para serem semeados com penisco do Pinhal d'El Rey, junto a Leiria, e o modo de o praticar. Com maior facilidade ainda se podem aproveitar para esta producçaõ os immensos areaes das Coutadas Reaes e suas vezinhanças, que agora somente produzem matos maninhos, e que se nao podem cultivar por causa da Caça, nem admitem arvoredo algum por se deitar fogo ao mato quando está crescido. Estes areaes occupao uma grande superficie na margem esquerda do Tejo, nas comarcas de Setubal e Santarem, e para que produzissem tamanha utilidade seria necessario abolir as coutadas naõ muradas, e applicar effectivamente a pena da lei aos incendiarios que fossem convencidos de tal delicto.

Os projectos de canaes, pontes, e encanamentos de rios podem ser concebidos por qualquer pessoa de engenho, eos planos arranjados por quem tem a sciencia e pratica necessaria, á vista das localidades, com todas as medidas, nivelaçoens e calculo aproximado das despezas, e tudo figurado e descripto em mapas bem claros. Em dia e lugar, annunciados com antecipaçao nas gazetas, devem ser apresentados ao publico, a fim de que os que quizerem concorrer vejao, ouçao, e assignem o numero de acçoens que bem lhes pareça, depois de elleitas as pessoas que hao de servir de caixas e administradores. Convem que as acçoens sejao, cada uma, de modica quantia, para que mais individuos lhes possao chegar, sendo a cada um livre assignar o numero dellas que melhor lhe parecer; e estas mesmas acçoens serao sempre transferiveis por venda e endosso como as letras de cambio, e por mais ou por menos do custo, segundo a opiniao geral do dia no mercado. O ultimo endossado se reputará sempre o dono da apolice; porem taes estabelecimentos ou companhias, com as suas condiçoens, so poderáō haver-se por legaes, depois de auctorisadas pelo governo.

Estes estabelecimentos servem para que pessoas endinheiradas possao trazer os seos fundos em giro sem o dono ter trabalho, e os possaõ realizar de novo na sua mao, vendendo as suas acçoens se tiverem melhor emprego para dar-lhes, e ficando sempre com a mesma

facilidade de poderem tornar a compra-las por mais ou por menos.

Em tal lugar, como Sacavem, nao haveria entao, como hoje ainda há, em deshonra da naçaõ e governo, uma Barca de passagem, mas sim uma boa ponte, assim como outra sobre o Vouga, de Coimbra para o Porto, e mais lugares do Reino. Coimbra seria porto de mar; e o Tejo, navegavel até a Raia, seria reunido pelo Rio das Enguias e Marateca ao Sado, o qual se prolongaria até as abas de Evora e Beja. Tambem, finalmente, já se teria verificado o projecto do general Vallaré para um canal do lejo por Benavente até a proximidade d'Elvas.

Um erro, ou omissao do governo que a boa razaō pede se reforme bé,-que a naō se darem niaiores ordenados ou proporcionados aos lugares de primeira entrança, deve-se exigir dos bachareis pertendentes a elles, que, a lem do mais a que sao obrigados para poderem ser providos, provem a possessao de un patrimonio de rendimento competente, a fim de que a necessidade os nao obrigue a prevaricar no exercicio de seos lugares. Se este mesmo patrimonio se exige dos individuos que se destinao para o ministerio dos altares quanto mais necessario ainda será para os que se des tinao a empanhar a santa e incorruptivel Vara da Justiça, e a julgar das pessoas e fazendas? Os pais, que nao poderem segurar a seos filhos o competente patrimonio, determinado pela lei, em vez de os dedicarem a magistratura, poderão destina-los a outra profissaō. Para seguir os Bancos haverá sempre sufficiente con curso de moços abastados; e aos que o nao forem ficará ainda aberto um campo mui vasto, como hé o exercicio da agricultura, das artes, navegaçaõ e commercio, da milicia, e até do estudo e pratica das Sciencias.

Seria de grande utilidade publica se em Portugal se estabelecessem Escollas gratuitas, á imitiçaõ das de Lancaster, já tao multiplicadas no Reino Unido, e outras naçoens do Continente que logo as adoptaram. Para principiar bastaria que o governo mandasse a Londres um sugeito de boa vontade, que viesse aprender o me thodo, e la o fosse praticar, e ensinar a outros que se espalhassem pelo Reiro, e fizessem o mesmo. Os

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