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tegérao, e promové rao os interesses desses mesmos creados? Acaso não ordena o Acto Parlamento do quadragesimo septimo anno do reinado do presente Rei, capitulo 44, secçaõ 4-“ Que nao será licito á quaesquer pessoa ou pessoas, que residirem ou se acharem, ou que para o futuro venhao a residir ou estar na dita peninsula ou colonia de Serra Leoa, já directa ou indirectamente commerciar em escravos ou dar o menor auxilio á hum tal trafico, tanto na dita Peninsula como em outra qualquer parte?" E nao obstante isso, nao confessa o Governador Ludlam, que elle comprára quarenta escravos para o serviço do governo das carregaçoens da xalupa Americana Baltimore, e Escuna Eliza, as quaes foraō levadas á Serra Leoa, pelo navio de guerra Britannica Derwent, sem que porem nunca houvessem sido condenadas? E não confessa o dito Governador Ludlam, que consentira e auxiliara a venda e compra de escravos das preditas carregaçoens na colonia de Serra Leoa, já depois de haver passado o Acto? E nao foi Ludlam, depois deste acontecimento, promovido por intervenção dos Directores á hum emprego com hum salario de mil e quinhentas libras por anno? Nao foi o grande amigo desses mesmos Directores, Mr. A. Macaulay, irmao e agente de Mr. Z. Macaulay, quem nesta occasiao comprou escravos, e. prestou todos os auxilios necessarios aos captores? Naō. foi Mr. Smith tambem hum dos compradores neste mesmo mercado; e apezar disso nao foi elle recommendado ao Capitao Columbine por alguns dos Directores para que este lhe desse o meo lugar de Juiz do Tribunal do Vice Almirantado? Nao fizeraō elles com que Lord Bathurst mandasse dar ao mesmo Smith setecentas libras do meo salario? E nao fecharam elles os olhos ao seo iniquo procedimento em quanto presidio nesse tribunal? Em uma palavra nao se tem elles esforçado por palliar esta nao menos abominavel que illicita venda e compra de escravos, por amparar, e auxiliar todos os seos antigos creados, que nella se. acharao implicados? Nao declarárao os principaes Directores da Companhia, que considerávao o commercio de escravos como injusto e deshumano? Nao julgarao elles ser insufficiente a simples pena pecuniaria e nao alcançarao por tanto hum Acto de

Parlamento que diz ser crime capital o traficar em escravos, ou o auxiliar por qualquer modo este commercio, quer seja por meio de creados, agentes, feitores, &c.? E apezar disso nao tem o Governador Ludlam e outros mais admittido, que os agentes, e feitores dá Companhia compravao escravos na Africa e os transportavao para Serra Leoa, onde os faziao trabalhar sem lhes dar a mais pequena remuneraçao, e os assalariavao por certas somas? Nao confessa o mesmo Relatorio Especial que os creados da Companhia suppriaõ as feitorias e donos de navios de escravatura com todos os artigos de que estes precisavao para mercar escravos? E nao era isto auxiliar e promover este illicito commercio ? E nao obstante isto os mesmos senhores, cujos creados, commetiaō tao grande falta sao chamados "os intelligentes, resolutos, e fervorosos adversarios deste trafico;" e estes mesmos creados que compravao escravos e os empregavao como taes, e suppriao com mercadorias escolhidas do armazem da Companhia individuos, que por espaço de dezeseis annos as claras commerciavao em escravos, sao mesmo agora protegidos pelos Directores! Estes senhores talvez tenhao até o presente gozado. da fama de imaculados; o publico porem parece-me que nao continuará a considera-los tao innocentes se elles continuarem a apatrocinar, promover, e elogiar aquelles, que confessao e procurao justificar tal procedimento: e até sou de parecer, que elles seraõ antes tidos por fautores, e complices naquelle mesmo crime que elles sempre tao altamente professárao abominar, apezar do Relatorio assegurar-nos que os Directores sobre este ponto estao assaz convencidos da sua innocencia: mas isto nao basta, hé necessario que se apresentem provas de maior pezo, do que meras palavras.

Eu muito sinto ter sido forçado a expor publicamente tao duras verdades. Eu trabalhei por preservar a fama e popularidade daquelles que eu considerava realmente dignos de respeito e contemplaçao; e me esforcei por persuadi-los á que puzessem em execuçao as suas declaraçoens e promessas a respeito da Africa: se elles porem obstinados perzistirem em illudir o publico, ou por soberba, ou por algum sordido interesse; verao que prejudicaō a si mesmos, ao passo que procurao opprimir-me: toda a perseguiçao que hei

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soffrido nao me hé inexperada, a pezar de haver sido mui violenta. Na minha carta escrita à M. Wilberforce à pag 37 disse. "Eu repetidas vezes faço pauza ao escrever esta, e pondero se fama, riquezas, e influencia podem a temorizar-me de que prosigua na investigaçao da verdade; considerando porem no caracter Inglez recobro forças e continuo;" e esta mesma reflexaō hé a unica coiza que até esta hora me tem animado.

Passo agora a replicar á resposta que a junta dos Directores da Instituiçao foi servida dar aquellas partes da minha carta que lhe dizem respeito; e em primeiro lugar seja-me permittido declarar que aquella carta foi escrita em termos os mais respeituosos quanto á Instituiçao Africana; e espero que se me faça a justiça de que a fiz por motivos os mais disinteressados. Eu julgáva ser a Instituiçao composta dos melhores individuos da naçao, que possuiao talentos, informaçaõ, e influencia, e que eraõ guidos pelos mais puros principios. Eu sincero anhelava a civilizaçao d'Africa, e universal aboliçao do trafico de escravos, e suppuz que o maior favor que podia conferir aos membros imparciaes da Instituiçao era mostrar-lhes o modo como tao importantes fins se podiaō realizar; o como elles haviaō sido illudidos; que as suas protestaçoens e promessas naõ haviaõ sido desempenhadas: que os seos fundos se haviao consumido; e que a sua repu taçao soffreria consideravelmente se consentissem em que se fizessem falsas representaçoens, sanccionadas pelos seos nomes; e ao mesmo tempo assegurei-lhes que estava muito prompto para auxiliar os seos philanthropicos esforços com aquella informaçao, que possuia sobre os principaes objectos da Instituiçao fructo de uma assidua attençao á esta materia por espaço de oito annos.

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O'Relatorio procura defender os membros da Instituiçao, dizendo que os Directores, afiançados na libe rálidade do publico, calculárao com obter fundos que os habilitassem para com fervor proseguir na execução de certos objectos que desejavao promover." Eu porem não tenho a menor duvida de que os fundos erao assas sufficientes para elles terem dado principio aos varios objectos que professavao querer realizar;

mas em lugar disso os fundos forao consumidos em muitas coizas, que nenhuma utilidade publica haō produzido.

O Relatorio continua asseverando que o primeiro dever dos Directores era por certo vigiar sobre as leis que recentemente se haviaõ feito para abolir o commercio de escravos, suggerir os meios de as fazer mais efficazes, e procurar conseguir que este trafico fosse igualmente abolido pelas potencias estrangeiras." Quando se passaō leis, há sempre individuos cujo dever hé vigiar sobre ellas e fazer com que sejaō executadas; o unico passo por tanto que a Instituiçao devera ou podia ter dado com vantagem, era haver pedido ao secretario de estado que por meio de uma circular intimasse aos governadores das colonias, que quando tivessem noticia de alguma infracção dos actos de aboliçao, dessem parte aos officiaes de justiça, á fim de que estes procedessem sem demora contra os transgressores. Em ambas as Cameras do Parlamento elles podia ter proposto os meios de fazer os ditos actos mais efficazes; e já pela sua influencia com os ministros, ou por meio de uma petiçao ao poder executivo, deveriao ter procurado conseguir que as potencias estrangeiras cooperassem na aboliçao do trafico dos escravos. Porem para tudo isto nao era necessario que se despendesse uma só libra das subscripcoens.

Os Directores passaõ a examinar circunstanciada- 、 mente as minhas accusaçoens contra a Instituiçaō. "1° Quanto a pouca ou nenhuma attençao que prestáraō á educação." Elles admittem ser isto verdade, mas procurao desculpar-se pondo toda a culpa sobre o Governador Thompson que agora se acha nas Indias Orientaes. Ora este sincero adversario do commercio de escravos, e fervoroso fomentador da civilização d'Africa era socio de Queen's College em Cambridge, e fez sempre todos os esforços para generalizar a educação; e quanto ao elle nao consentir que os jovens Africanos educados na colonia servissem de mestres de escolla, eu estou certo que isto procedeo de elle os ver tao imperfeitamente instruidos, que naõ se achavaō em etado de bem desempenhar o emprego de preceptores. Ninguem mais ancioso anhelava ver realizados os

desejos que a Instituiçao mostrava ter sobre esta materia, e em prova disto subscreveō cem libras para esse fim ; quando elle porem vio que a Instituiçao naõ punha em força as suas promessas, mas sim que objectos mercantis erao o seo principal alvo, deo de maō á este negocio com bastante dissabor. Diz entao o Relatorio Especial, "que Mr. Thorpe acusa os Directores de illudirem uma naçaõ liberal, quando disseraō-E deste modo se offerece uma melhor opportunidade de restituir alguns dos negros aprizionados aos seos parentes; e alguns destes depois de receberem na colonia uma util e sufficiente instrucçao em agricultura, e outras varias artes de primeira necessidade, se poderao com grande vantagem empregar em generalizar por outras partes d'Africa os muito importantes conhecimentos que tenhaō adquirido.”—Ora naõ tive eu razaō bastante para os increpar de que enganavaõ a naçao, considerando que depois de blazonarem por varios annos das maravilhas que estavao fazendo; que tinha escollas para se aprender e Arabe, Joosoo, Inglez, a escrever, as artes, e agricultura, &c. a final nenhuns destes bellos planos foi executado, e nem um só dos negros aprisionados voltou para a sua patria, on recebeo instrucçao alguma ua colonia ?

"Mr. Thorpe á paginas 10 ataca a Instituiçao Africana de haver mandado para a colonia sementes de algudaō e varias maquinas muito antes de ellas poderem ser de alguma utilidade." Os Directores já que citaraō esta passagem da minha carta deviaō te-la exposto por extenso; a fim de que os leitores pudessem bem apreciar, se a baviao ou naõ contrariado. Eu não tenho duvida de reasseverar o que disse a este respeito na dita carta, isto hé, "que os Directores mandarao sementes d'algudao e maquinas antes de se haverem dado terras aos colonos, antes do terreno estar adaptado para as receber, e sem haverem instrumentos ruraes com que este se pudesse preparar para este fim ; vindo disto a resultar, que as sementes apodrecêrao e forao lançadas ao rio, e as maquinas postas de parte e arruinadas:" e em uma nota acrescentei

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que haviaō na colonia muitas pessoas que estavaō presentes quando os ditos artigos chegarao, as quaes podiao confirmar esta minha asscrçao, e que mesmo

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