Sivut kuvina
PDF
ePub

SCIENCIAS.

Nova Exposição dos Progressos que fizeraõ as Sciencias Physicas.

(Continuada da pag. 50, do No. LVII.)

Electricidade.

1. Hé um facto bem sabido, que se ao primeiro conductor de uma maquina electrica unirmos um corpo metallico pontagudo, a electricidade nao se accumula no conductor, porem escapa da extremidade do corpo pontagudo na forma de um fio de luz assaz vizivel. O Professor Hildebrandt fez ultimamente algumas experiencias comparativas com o intuito de verificar qual era o metal, que em taes circunstancias situado expellia de si maior porçaõ de luz electrica. A figura dos metaes era conica, e a sua ponta algum tanto romba; elles estavao collocados sobre a extremidade de uma vareta de cobre, a qual estava em contacto com a parte superior do primeiro conductor. Eisaqui a ordem dos metaes que se experimentarao, começando com o que lançou a maior, e terminando com o que lançou a menor quantidade de luz electrica.

[blocks in formation]

2. Tres hypotheses se hao proposto para explicar os phenomenos do galvanismo; e ainda porora estao os philosophos indecisos, qual hé dellas a verdadeira. Segundo a primeira, que hé a de Volta, os phenomenos sao simplismente electricos; e dependem dos diversos estados de electricidade em que se achao os dois metaes empregados; e quanto aos phenomenos chimicos, julga elle que nao sao mais que consequencias accidentaes da descarga electrica. Conforme a se

gunda, que hé a de Berzelio, os phenomenos saō puramente chimicos, e a electricidade hé desenvolvida só por effeito dos processos chimicos. A terceira hypothese suggerida por Davy abraça as duas precedentes, isto hé, os phenomenos sao em parte considerados como electricos, e parte como chimicos.

O Professor Pfaff de Kiel publicou há pouco uma excellente memoria sobre o merecimento comparativo destas tres hypotheses. Elle dá toda a preferencia á theoria de Volta, e propoem numerosos e fortes argumentos contra a de Berzelio. Nao nos hé possivel dar aqui extractos deste opusculo; por quanto elles nao poderiaō ser sufficientemente intelligiveis, sem uma mui circunstanciada exposiçaõ de experimentos e phenomenos galvanicos; para o que seria necessario um campo maior, do que convem á natureza deste nosso trabalho: mencionamos com tudo esta memoria, por que a julgamos mui digna de ser lida por todos aquelles, que tem predileçao por assumptos electricos e galvanicos. E na verdade naõ temos idea de um tratado, que em tao curto espaço tanta informação contenha sobre a materia (veja-se o Jornal de Schweigger, No. X. pag. 179.)

3. Há sinco annos que no Jornal de Nicholson se publicou a singular descuberta que De Luc fez de uma pilha galvanica secca, a qual se conserva em actividade por varios annos sem soffrer interrupçao: este facto importante attrahio desde logo a attençao geral dos philosophos. Zamboni, Professor de Historia Natural no Lyceo em Verona, tem alterado a sua construcçao, e a prepara do modo seguinte:-elle poem pedaços de papel prateado uns sobre os outros, e cobre a parte nao prateada do papel com uma porçao de oxide negra de mangase misturada com mel; depois de amontoar dois mil destes papeis, elle entao os cobre por fora com laca batida, e os mette em um cilindro de bronze concavo. Se collocarmos duas destas pilhas distantes uma d'outra quatro ou sinco polegadas, e entre ellas suspendermos uma leve agulha metallica, esta se observará, ser attrahida alternadamente para uma e outra pilha por tal sorte, que terá entre ellas um movimento constante á maneira de um pendulo. Já tem havido muitas tentativas com o intuito de

fazer com que este pendulo electrico seja o poder motriz dos relogios; e até certo ponto ellas tem sido coroadas de feliz successo. O Dr. Jager de Stuttgardt, fez ultimamente muitas experiencias com esta pilha de De Luc, alterada por Zamboni; nao vemos porem que os seos resultados ampliem muito os nossos conhecimentos sobre esta materia.

A batteria galvanica elementar descripta pelo Dr. Wollaston em o No. 33 dos Annaes de Philosophia, deve por certo ser considerada como uma descoberta de consideravel importancia. Ella claramente mostra a vasta porção de electricidade que se desenvolve durante a acçao chimica que há entre os acidos e os metaes; e por tanto nao póde deixar de esclarecer muito a theoria do galvanismo, que por ora ainda hé algum tanto obscura.

5. Os resultados que M. Children há obtido das experiencias feitas com a sua immensa batteria galvanica, sao algum tanto interessantes; e os passaremos a mencionar. A batteria consta de vinte pares de laminas de cobre e zinco, cada uma das quaes tem seis pes de comprido e dois pes e oito polegadas de largura, apresentaudo no todo uma superficie de 32 pes. Ellas se communicaçao por meio de tiras de chumbo, e estao situadas em vasos de pão cheios d'gua, a qual contem uma mistura dos acidos nitrico e sulphurico: alem disso as chapas estao por tal modo suspensas e contrapezadas, que se podem mui elevar ou abaixar quando quizermos; e entre cada duas chapas de cobre há de permeio uma de zinco. Eisaqui a ordem, em que se tornárao vermelhos os fios metallicos, que unirao os dois polos desta batteria :

[blocks in formation]

Visto que o estanho e chumbo se derreterao antes de ficarem vermelhos, nao se poude por tanto verificar que lugar lhes competia. M. Children hé de opiniaō, que os metaes ao conduzir a electricidade se tornao vermelhos na razaō inversa do seo poder conducente. Segundo esta supposição, o poder conducente destes metaes respectivamente a electricidade hé da forma seguinte:

[blocks in formation]

A força desta immensa batteria se poderá bem apreciar por meio das seguintes experiencias :

Sinco pes e seis polegadas de fio de platina, cujo diametro era a undecima parte de uma polegada, ficarao vizivelmente vermelhos a luz do dia.

Oito pes e seis polegadas de fio de platina, cujo diametro era a quadragesima quarta parte de uma polegada, se tornarão vermelhos.

Uma barra de platina da largura de de uma polegada, e do comprimento de duas polegadas e meia, se tornou tambem vermelha, e derreteo-se no fim do processo.

Os effeitos chimicos produzidos por esta batteria forao os seguintes:

1. O carvao de lenha foi elevado á um mui intenso grao de combustao dentro de um vaso que continha o gaz chlorine; porem nenhum phenomeno particular se observou; e o mesmo aconteco quando em lugar de chlorine se fez uso do gazazote.

2.

A oxide de tungsten foi derretida e um parte reduzida ao seo estado metallico. A porçao metallica tinha uma cor branca azulada, era brilhante, pezada, e mui fragil.

3. Da oxide de tantalo somente se derreteo uma mui pequena porçao: os seos graōs tem uma cor amarella avermelhada, e saō summamente frageis.

4. A oxide de aranio foi derretida, mas nao reduzida ao estado metallico.

5. A oxide de titanio foi derretida, mas nao convertida em metal: quando foi aquecida até adquirir um intenso grao de calor, lançou de si brilhantes faiscas semelhantes ás do ferro.

6. A oxide de cerio foi derretida; e quando chegou á um estado de calor mui exaltado, parte ardeo deitando uma viva chama branca; e parte ficou volatilizada. A oxide depois de derretida, sendo exposta ao ar, passou em poucas horas ao estado de pó.

7. A oxide de molybdeno foi facilmente derretida e reduzida ao estado metallico. O metal hé fragil, da cor de um cinzento escuro, e exposto ao ar adquire em

breve tempo uma pequena casca de oxide cor de purpura.

8. Um veio de iridio e osmio foi derretido e transformado com um pequeno globo.

9. O iridio foi derretido, e transformado em um pequeno globo em que haviao algumas cavidades. O metal era branco, mui brilhante, e a sua gravidade especifica andava por 18-68.

10. O rubi e a saffira naõ foraõ derretidos.

11. Espinella azul ficou convertida em escoria. 12. Gadolinite se derreteo na forma de um pequeno globo.

13. A magnesia ficou em um estado conglutinado. 14. Zircon da Noruega foi imperfeitamente derretido.

15. Quartz, silica, e plumbago nao soffrerao alteraçao alguma.

16. Uma porçao de ferro que continha um pouco de diamante, ficou convertida em aço, e o diamante desappareceo.

Magnetismo.

1. Hé um facto bem sabido, que se a agulha de marear, antes de ser tocada com a pedra iman, for posta em exacto equilibrio sobre um eixo, cessa de se conservar na postura horizontal logo que fica magnetica; uma ponta se abaixa mais para a terra que a outra ponta; e isto se há denominado a descensao da agulha. Ora tem-se observado que a ponta da agulha que está voltada para o polo mais vizinho hé a que se abaixa; e que a descensao augmenta á proporçao que nos approximamos ao polo; e pelo contraro diminue ao passo que nos apropinquamos ao equador. A descensao se altera muito mais vagozosamente do que a declinaçao. Pelo que fica exposto bem se vê, que a theoria do magnetismo receberia um consideravel aperfeiçoamento, se estivessemos em posse de uma serie de boas observaçoens sobre a descensao que a agulha experimenta em differentes latitudes; e até mesmo isto poderia dar origem á mui relevantes illaçoens respectivamente a posiçao, e altura dos polos magneticos da terra. Por estes motivos julgamos VOL. XV.

A A

1

[ocr errors]
« EdellinenJatka »