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natural, do que ver um pregador, alludindo aquelles males naturaes, exclamar :-adoremos os altos juizos de Deus; respeitemos os destinos da Providencia; e que naverdade nao pode ver qual seja a differença destas proposiçoens comparadas com estoutra delle-Nos temos um sancto respeito por todas as revoluçoens da natureza; e que elle ainda naõ dissera que essas revoluçoens da natureza erao independentes dos altos juízos de Deus, e dos destinos da Providencia;" e depois pergunta, "Que respoderá a isto o Leitor Constante? O mesmo que já respondeo-coisa nenhuma.

Ahi tem provado o primeiro absurdo. Agora convem reflectir aqui, Senhores Redactores, como sao mal entendidos os pregadores, até por aquelles que presumem de lidos e expertos; que farao os mais ignorantes; mas, por honra do bom senso, creio que so o Redactor do Portuguez pensa assim. Respondamos-lhe.

Primeiramente, Senhor Redactor do Portuguez, os Pregadores nunca disserao semelhantes palavras assim descosidas, por taes occasioes: isso hé um testimunho que V. Me lhes levanta. O que elles dizem de ordinario, e sempre, sao estas doutrinas, as mais sanctas e pertinentes que podem sahir da Cadeira da verdadeQue os males que nos affligem sao as consequencias dos nossos pecados-que em vez de nos impacientarmos contra a mao poderosissima que nos castiga, nos devemos conformar com a vontade de Deus, humilhar-nos deante delle, que hé Pae misericordiosissimo, para obtermos o perdaõ das nossas culpas, e o alivio dos nossos males. Nao prova, portanto, coiza alguma a authoridade que V. Me allega: e o estarem esses males destinados pela Providencia, tampouco prova. Toda a gente sabe que os bens e os males deste mundo acontecem porque Deus assim o permitte; mas nimguem cré que os males sao para se adorarem, só porque Deus os consente. Sabe V. Mee bem o que quer dizer adorar? quer dizer pedir, supplicar, e tambem, commummente, tributar veneraçao. Se V. Mc, por tanto, deseja para si algum terremoto, ou fogo nas casas, peça-o, e venere-o, e que nao faça mal a mais nimguem; mas nao ensine os outros a ter tam máo gosto.

E quando fosse certa a citaçao dos Pregadores, annunciar ao mundo em um jornal publico, por doutrinas innegaveis, proposições que repugnao com o senso commum, só pelo ipse dixit dos Pregadores, hé falta de consideraçao, e mais alguma coisa.*

Depois disto continua o Redactor do Portuguez a provar a segunda proposiçaō-" Nos temos um sancto respeito pelos revoluçoens da politica, se saõ feitas pelo povo; dizendo que a quer provar por uma authoridade tal que The arrede todo o susto de por aquella doutrina ser legalmente perseguido; e que se chegassemos a admittir a soberania do povo, nao haveria duvida que elle tinha o direito de fazer no governo as revoluçoens que bem lhe parece-se; e que, por conseguinte, era obrigaçao de todo o individuo respeitar esse direito que no povo residisse. Ora, a doutrina da soberania do povo hé aqui a doutrina parlamentar e corrente; porque em conformidade della está a familia de Hanover assentada no Throno de Inglaterra e tambem há poucos dias que Lord Castlereagh assim o déo a entender em parlamento, e isto bastará para satisfazer o Leitor Constante, se tiver algumas duvidas sobre o direito da soberania do povo: donde infere o Redactor do Portuguez-Atqui que o povo tem o direito de fazer as revoluçoens que quizer no governo, Ergo, as revoluçoens politicas feitas pelo povo sao dignas de se olharem como coisas sanctas e boas!!!

Eisaqui consequencias bem tiradas. A revoluçoens da natureza sao sanctas boas e respeitaveis, porque os pregadores o dizem, e nao saō castigados; e as do povo, porque este tem o direito de as fazer se quizer: e o direito nao há duvida que o tem, porque o disse o outro dia Lord Castlereagh, e os Inglezes assim o intendem e observaō!!!

Nao hé preciso mais, Senhor Redactor do Portuguez; somente lhe observarei, que por uma pessoa, ou pessoas, terem o direito de fazerem uma coiza, nao se segue

as

* O Redactor do Portuguez diz no seo preambulo, que o Leitor Constante, nao sendo capaz de per si mesmo impugnar as suas doutrinas, mettêra homem alugado; no que fizera como mulheres, a quem a fraqueza do sexo tolhia romper lanças na estacada, em peleja de varoens. E elle que faz? chama em seo succorro a doutrina dos Frades. Oh vergonha das vergonhas!!!

que essa coisa seja respeitavel ou sancta, ou boa, nem para elle, nem para nimguem.

Como da outra vez não pude encobrir o meo debil sexo, tomarei agora o logar que me cabe, assignando

me.

Uma sua creada, amante da ordem,
LEITORA CONSTANTE.

26 de Março.

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321 abstenha com, l. abstenha de o tratar com... 321 maioria, l. materia.

324 linha 10, e 25 de paiz, l. do paiz.

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