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o assumpto, pode ler o Grande Fleury, varao de todo o respeito, sabedoria e virtude; a penna d'este famoso Ecclesiastico sem suspeita me dispensa toda a reflexao em uma materia, que elle energicamente desenvolve: basta ler a 2 Carta do P. Gregorio III. a Leaō Izaurio, e a que escreveu Nicoláo I. ao Imperador de Constantinopla, que aquelle egregio Escriptor refere, para se desvanecer de todo a mágoa dos Venerandos Bispos da Belgica. A resposta de S. Agostinho à Bonifacio, Governador d'Africa, referida pelo mesmo Fleury, hé de todo opezo, e merecedora por isso de ser attendida no assumpto proposto, para que possa servir de exemplo no S. 19, tempo das luzes, em que os Monarcas, á custa da experiencia, tem conhecido os seus sagrados e impreteriveis direitos, fazendo as exclu ́soens, que julgao necessarias, para que nao chêguem já mais os vergonhosos dias da triste humiliaçao de um Luiz, a quem a audacia e insolencia deposeraō da Corôa, no seio do Santuario, e para que senaõ repitao terceira vez as estrondozas e fatáes scenas dos Henriques.

Principes do seculo ouvi a minha vôz, que só dezeja a tranquilidade de todos os Estados. As religioens, ainda que falsas, tem a grande vantagem de por uma formidavel barreira á introducçao de doutrinas novas e arbitrarias; ellas sao compostas dos principios da moral, e tem as virtudes e maximas, que co-operao para a conservaçao dos Estados, e lhes fazem a sua energia e estabilidade, como se observa nos diversos governos da Europa, taōbem diversos nos sentimentos de religiao. Principes da Igreja o écco politico, que nao vos deve ser indifferente, hé apoiado nos verdadeiros dictâmes da doutrina, que como Catholicos, professamos.

As contraversias religiosas saõ de objecto theorico; nao hé pela exclusao e separaçao, principios odiosos, e de discordia provada na serie dos tempos, que nós devemos chamar a o verdadeiro centro da verdade aquelles, que d'elle se tem afastado; combatâmos pois com toda a coragem o erro e heresia, porem por via da persuasao, e da doçura trabalhemos pela causa da religiaō; sejao estas as armas, pelas quaes nos conheçao os nossos inimigos; como Christãos sigamos as pizadas

do Mestre, e sua doutrina e invariavel conducta, mostrando-nos beneficos para com todos os homês, sem excepção, abrindo o caminho á doutrina pura e sã por via de um verdadeiro e tocante zello: desta sorte triunfará a philosophia do Evangelho, e sendo religiosos sem fanatismo alcancarêmos o campo da gloria.

Penso ter dito em pouco verdades grandes, porem se o meu zello se tem enganado, eu me sugeito a melhor penna, e melhor juizo, e receberei docilmente toda a correcçao.

Curioza noticia de uma Ilha do Mar Pacifico, novamente povoada por um acontecimento notavel, e até agora mencionada nos Mapas com o nome de PITCAIRN, ou PITCAIRN'S ISLAND.

No Jornal de uma viagem ao Mar Pacifico, que o Capitao David Porter, commandante da fragata Essex pertencente aos Estados Unidos, fez nos annos de 1812, 1813, e 1814, vem a noticia da povoaçao desta Ilha, que os Editores do Quarterly Review publicaram no seo No. XXVI, Julho 1815, e da qual nós vamos dar o Extracto seguinte:

"Hé bem sabido que no anno de 1789 a tripulaçao do navio armado de S. M. o Bounty, na occasiao em que transportava do Otaheiti a arvore do pao para as colonias Britannicas das Indias occidentaes, se revoltou contra o seo commandante, o Tenente William Bligh. Parte desta tripulaçao, instigada por Fletcher Christian, contra-mestre do navio, revoltou-se de fronte da ilha de Tofoa, e meteo o commandante com o resto da gente, que eraõ 18 pessoas, em uma Lancha, as quaes, por um acazo bem extraordinario, depois de uma passagem de 1,200 legoas, aportaram salvas em uma Feitoria Holandeza na Ilha de Timor. Os revoltados, em numero de 25, pareciaõ ter-se derigido, por algumas expreçoens que lhes haviao escapado, para a ilha do Otaheiti. Assim que o Almirantado teve noticia deste facto, ordenou ao Capitao Edwards que fosse a esta ilha em o navio Pandora para ver se descobria o Bounty, e alguns individuos da tripulaçao, e os trouxesse para Inglaterra. Com effeito abordou ali em Março

de 1791, entrou na bahia de Matavai, e quatro dos revoltados se vierao voluntariamente entregar. Pelo que estes diceram, os outros, em numero de 10, os que só restavao vivos em Otaheiti, forao em poucos dias agarrados, e a excepção de quatro, que pereceram em o naufragio da Pandora, junto de Endeavour Strait, todos vieram para Inglaterra, aonde forao processados, e seis delles tiverao sentença de morte. Os outros quatro forao absolvidos.

Pelo que referiram estes homens assim como pelo que se sabia por alguns documentos, parecia, que assim que o Tenente Bligh fora posto fora do navio os 25 revoltados haviao navegado nelle para Toobouai, aonde pertendiao estabelecer-se; naõ havendo porem achado bastantes recursos naquelle estabelecimento, haviaō voltado para Otaheiti, aonde se refizeram de muitos provimentos, e tornaram depois a tomar o caminho de Toobouai, levando comsigo oito homens, nove mu theres, e sete rapazes, naturaes de Otaheiti. Depois da segunda viagem principiaram a fazer um forte, porem as dissensoens, que entre elles mesmos tiverao, e algumas desavenças com os naturaes do paiz os obrigaram a desistir da empreza. Christiano, o seo Chefe, tambem logo percebeo que a sua auctoridade já de nada valia para com os seos complices, e por consequencia lhes propoz de voltarem para Otaheiti, na qual ilha ficariaō Os que quizessem, e os outros hiriao em o navio estabelecer-se aonde bem lhes parecesse. Em comformidade deste plano, tornaram ainda a embarcar-se, e entraram em Matavai em 20 de Setembro de 1789.

Destes 25 individuos 16 quizeram hir para terra, quatorze dos quaes, como já fica mencionado, forao tomados para bordo da Pandora; e dos outros dois, assim como o referio Coleman, o primeiro que se entregou ao Capitao Edwards, um que se havia constituido Chefe, foi morto pelo seo companheiro, e o outro foi depois assassinado pelos naturaes da terra.

Christiano, com os oito que restavao, meteo a bordo alguns habitantes de Otaheiti, a maior parte mulheres, e poz-se ao mar em a noite de 21 para 22 de Setembro de 1789. Na manham seguinte o navio ainda foi visto de Point Venus na direcção do Nor-ouest; e aqui teraninao todas as noticias dadas pelos revoltozos, que se

entregaram e forao agarrados na bahia de Matavai, Estes mesmos declararam com tudo ainda, que Christiano em a noite da sua partida havia dito que as suas intençoens eraō hir buscar alguma ilha dezerta, e depois de nella se estabelecer, destruir o navio. Assim todos os trabalhos do Capitao Edwards para haver noticia do navio e da sua tripulação forao inuteis em as numerozas ilhas que para este effeito vizitou na Pandora.

Pelo espaço de 20 annos nao se havia sabido couza alguma mais em Inglaterra a respeito de Christiano ou de seos companheiros, até que nos principios do anno de 1809, Sir Sidney Smith, entao Commandante em Chefe nas paragens do Brazil, transmitio ao Almirantado um papel que havia recebido do Tenente Fitz maurice, e que dizia ser-" Um Extracto do Diario do Capitao Folger do navio Americano Topazio, e datado de Valparaizo, a 10 de Outubro de 1808."

No principio deste anno (1815) o Vice Almirante Hotham, ao tempo que cruzava junto de New London, recebeo uma carta derigida aos Lords do Almirantado, cuja copia hé a seguinte:

"Nantuchet, 1 de Março, 1813. "My Lords,-A notavel circunstancia que teve a minha viagem ao Oceano Pacifico, me desculpará de hoje me dirigir a vossas Senhorias. Em Fevreiro de 1808 toquei em Pitcairn's Island, na latitude 25° 02′ S. longitude 130' W. de Greenwich. O meo objecto principal era procurar pelles de Phoca (vulgarmente Lixa) para levar para a China; e segundo o que sabia daquella ilba pela viagem do Capitao Carteret a supunha inhabitada. Chegando-me porem em um bote perto da praia, encontrei tres mancebos com duas canoas, que nellas me traziaō um prezente, que consistia em algumas fructas, e um pôrco. Fallarao-me em Inglez, e informaram-me que haviao nascido na ilha, e que seo pai era um Inglez que havia embarcado com o Capitao Bligh.

Depois de haver conversado um pouco com elles, desembarquei em sua companhia, e fui encontrar-me com um Inglez, chamado Alexandre Smith, o qual me declarou que pertencia á tripulaçaõ do Bounty, e que

depois de haverem metido o Capitao Bligh no bote coin a metade da gente do navio, elles haviaõ voltado para Otaheiti, aonde uma parte de seos companheiros preferio estabelecer-se; Christiano porem, com outra parte, que erao oito, e em cujo numero, elle entrava, haviao escolhido retirar-se para um lugar mais remoto. Assim, depois de se haverem demorado por breve tempo em Otaheiti, aonde procuraram mulheres, e seis homens para creados, tinhao partido para Pitcairn's Island, e ali desfizeram o navio, aproveitando-lhe pri meiro quanto delle lhes podia ser util. Passados seis annos depois que já viviaō nesta ilha, os seos creados atacaram e mataram todos os Inglezes, excepto elle, que havia ficado gravemente ferido. Na mesma noite as viuvas Otaheitanas mataram tambem todos os homens da sua naçao, e ficou por consequencia só o dito Smith com as viuvas e filhos, vivendo depois disto na maior paz e tranquilidade.

"Eu demorei-me pouco tempo na Ilha, e ao retirarme me prezenteou Smith com um chronometro e um compasso azimuthal, que me dice haviao pertenecido ao navio Bounty. O chronometro me foi tirado pelo Governador da Ilha de Joao Fernandes, depois de o haver conservado em meo poder por espaço de seis semanas. O compasso, que eu guardei no meo navio, me servio na minha viagem, depois da qual foi concertado em Boston. Agora o remeto a vossas Senhorias, julgando que folgaráō muito de o ter, simplesmente pelas extraordinarias circunstancias com que elle tem relaçao.

(Assignado)

"MAYHEW FOLGER."

Quaze pelo mesmo tempo se receberam outras noticias deste interessante povo pelo Vice-Almirante Dixon, as quaes lhe forao transmitidas por Sir Thomas Staines, do navio de S. M. Briton, em uma carta, cuja copia hé a seguinte:

"Briton, Valparaizo, 18 de Outubro, 1814. "Sir,-Tenho a honra de partecipar-vos que na passagem das Ilhas Marquesas para este porto, na manham de 17 de Setembro, dei com uma Ilha em uma paragem em que nenhuma está marcada nas cartas

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