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sem que depois se ouze queixar; porque quem se deixa vilipendiar em um ponto habilita-se para o vilipendiarem em todos.

A cauza dos tres Inglezes, prezos em França por serem acuzados de auxiliarem à fugida de Lavalette, decidio-se no dia 24 de Abril. Forao sentenceados a tres mezes de prizao, e a pagarem as custas do processo. O carcereiro, só julgado réo de negligencia no seo officio, teve por sentença dois annos de prizaỡ, e acabados elles ficar por 10 annos debaixo da inspecçao da alta policia.-Aos quatro individuos, assim condemnados, concederao-se tres dias para poderem appelar para o tribunal de Cassaçao.

Dois dos tres acuzados Inglezes, o General Wilson, e Mr. Bruce, fizeram duas fallas mui energicas, e com particularidade o ultimo. Uma das passagens notaveis do discurso do General Wilson hé a seguinte:—

"Os governos arbitrarios sao os unicos que exigem de seos subditos uma cega obediencia; mas um Estado Constitucional requer, que os cidadaons de todas as classes vigiem escrupulozamente os passos do governo. A natureza, a honra, e a religiao fortificao este dever, e o seo exercicio hé a mais nobre prerogativa do homem livre. Sim, desta verdade vós mesmos deixareis de duvidar quando tiverdes por mais tempo gozado dos bens da vossa Charta Constitucional.”

Outra passagem nao menos forte e notavel da falla de Mr. Bruce hé a que vamos transcrever:→→→

"Eu nasci Inglez, e amo com enthusiasmo a Constituiçao da minha patria, isto hé, a Constituiçao tal qual foi estabelecida pela nossa glorioza revolução de 1688. Foi entao que se formou aquelle belissimo sistema de governo, que excita a admiração geral; que tem sido modelo para outras naçoens; que tem ganhado para o nosso paíz o nome, por excellencia, da terra classica da liberdade; e que nos tem adquirido os elogios do sabio e filosofo Montesquieu, o qual naõ hé um excluzivo patrimonio da França porem de todo o mundo, e que disse de nós," que os Inglezes erao o unico povo "da terra, que sabia uzar da sua religiao, das suas leis, "e do seo commercio." Hé pois da Revoluçao de 1688 que se devem datar a prosperidade, a grandeza, e a liberdade de Inglaterra.

"Assim posso dizer, que se estes meos principios, que sao os da Constituiçao da minha patria, fossem destructivos das ideas da ordem e do bom governo, e fizessem com que eu fosse inimigo dos Reys, da jus tiça e da humanidade, nesse cazo eu seria o mais criminozo dos homens, e o meo acuzador teria razaō; porem se, pelo contrario, sao estes principios os mesmos que tem dado ás nossas leis uma força protectora, que tem garantido a liberdade de nossas pessoas, de nossas propriedades, e nossa religiao, e tem feito com que um povo, pouco favorecido da natureza, seja hoje o mais feliz, o mais bem governado, e o mais florescente da Europa: entao, á vista disto, tenho direito para concluir ;—que a acuzaçao que se me faz naõ hé mais que uma atroz calumnia,"

Noticia.

J. D. Bomtempo, Portuguez Insigne, e universalmente conhecido na Europa pelas suas Composiçoens Originaes, e portentoza execuçao no Piano Forte, está fazendo imprimir em Londres a obra seguinte, que dentro de poucos dias será publicada: Elementos de Muzica para uzo do Piano Forte.

CORRESPONDENCIA.

SENHORES REDACTORES DO INVESTIGADOR PORTUGUEZ :

Sendo mui justo que os Portuguezes todos cuidem em conservar o seo bom nome nos paizes estrangeiros aonde vivem, tomo a liberdade de lhe enviar as poucas linhas seguintes para com ellas se poderem desvanecer quaesquer aluzoens ou ideas falsas, a que tenha dado lugar um Avizo, que publicou a Gazeta Times no dia

28 de Março passado, e foi transcripto no Correio Braziliense, No. 94, artigo-Correspondencia, pag. 316.

M. de Souza, de quem falla o sobredito Avizo, hé um individuo da Bahia, que, vindo a Londres encomendou algumas peças de Cobre a Harvey e Goldwin. Como porem nao entendesse a lingoa Ingleza, servio-se de um interprete, que interpretou mui mal as suas intençoens. Assim que a obra se acabou, como ella nao satisfizesse os intentos do Snr. Souza, este teve difficuldade em paga-la, particularmente fiado no que lhe dizia o seo interprete. Em fim para abreviar-mos a historia, houve demanda sobre o ponto, e o resultado foi, que se pagassem as peças de cobre taes como estavao feitas. A este tempo já o Snr. Souza nao estava em Inglaterra, e o seo agente pagou prontamente tudo : porem como o verdadeiro dôno estava auzente, o seo procurador, depois de pagar a obra, pedio a Harvey e Goldwin quizessem conservar em seo poder as ditas peças até que elle avizasse o seo Correspondente da Bahia de tudo o que se havia passado. Ficaram por tanto em caza dos artifices, e por seo consentimento, as ditas panelas ou o quer que seja; e como desfizessem há pouco a sociedade, um dos Socios, sem ter nenhuma attençao com o Agente do Snr. Souza, á quem mui bem conhece, mandou publicar na Gazeta o mencionado Avizo. . .

A' vista do que acabo de dizer hé logo mui claro,que nem o procedimento do artifice mostra independencia de caracter, como quer inculcar o correspondente do Correio Braziliense, mas antes sim alguma outra couza que naō hé airoza; e que nem o comportamento do Sur. Souza e do seo Agente hé digno de algum opprobrio publico.

Sou, De V. Mcs, &c. &c. &c.
Luzo, defensor dos Luzos.

Snr. Guilherme, Barao de Eschwege.

A carta com a Resposta que nos escreveo em defeza do seo Amigo e Patricio, é que vem datada de Villa Rica, a 18 de Julho de 1815, será publicada o mais prontamente que nós for possivel.

Snr. Correspondente de Lisboa.

Os papeis e cartas que nos remeteo em datas de 16, 19, e 29 de Março forao recebidas; e de tudo publicaremos o que julgar-mos util e conveniente.-A Memoria "Sobre as Penas e Delictos" será publicada no proximo No. do mez de Junho; e cumpriremos neste ponto quanto nos recomenda.

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