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SCIENCIAS.

Nova Exposição dos Progressos que fizeraõ as Sciencias Physicas.

(Continuada da pag. 310, do No. LIX.)

2.-Calor.

Ainda que no decurso do anno passado naō houve descuberta alguma nova sobre o calor; appareceraō com tudo dois papeis importantes, um escripto por M. Davenport, em que completamente refuta algumas objecçoens que se haviao feito a theoria do calor radiante suggerida por M. Prevost; e outro escripto pelo mesmo M. Prevost, em que dá um mui luminoso e comprehensivo esboço da sua ditta theoria. Como esta tem sido adoptada por quasi todos os philosophos dos nossos dias, parece-nos util inserir aqui os resultados geraes que o author obteve dos seos diversos experimentos:

1o. O calor hé um fluido discreto, cujas particulas se movem todas com rapidez em linha recta. Estas particulas partem em direcçoens diversas por maneira, que todo o ponto sensivel do espaço quente hé um centro donde partem, e aonde terminao porçoens de particulas, ou raios calorificos.

2o. Todo o raio calorifico que um corpo de si despe ou reflecte, substitue simplesmente outro raio, que tomaria a mesma direcçao, se o tal corpo fosse remo'vido. Se esse corpo interceptante estiver em um grau de temperatura igual ao do lugar em que hé a experiencia feita, o raio entao que elle substitue tem igual calor; se a temperatura porem hé diversa, este raio possue maior ou menor abundancia de calor.

3o. Um reverbero, em um lugar de uniforme temperatura, nao manda mais nem menos raios calorificos, do que outro qualquer corpo.

4. Do que fica dito segue-se:-1°. Que em um lugar de uniforme temperatura, um reverbero de qual-quer forma nao produzirá impressao alguma em um thermometro exposto à sua influencia.-2°. Que se esse reverbero reflectir os raios, que emanarem de um corpo mais, ou menos quente do que o lugar em que se fizer a experiencia, fará o thermometro, que estiver exposto a sua influencia, elevar-se ou abaixar-se respectivamente.

No ultimo volume das Transacçoens Philosophicas de Edingburgh, que se publicou no verao passado, vem um papel escrito pelo Dr. Joao Murray, Lente de Chimica em Edinburgh, sobre a diffusao do calor pela superficie do nosso globo. Hé primeiramente necessario advertir, que este mui habil e engenhoso chimico, em um tratado que esereveo sobre o merecimento comparativo dos dois systemas Plutoniano e Neptuniano, ou de Hutton e Werner, traz contra o pri meiro, ou o Plutoniano, um argumento que julga conclusivo, a saber ;-que se um fogo central existisse no seio da terra, segundo a hypothese de Hutton, entao em virtude da mesma natureza do calor nao poderia este permanecer no centro, mas de necessidade se espalharia igualmente por toda a extensao do globo de sorte, que a final vivia a superficie da terra a ficar tao quente como o seo centro á isto porem respondeo M. Playfair o defensor da Theoria Huttoniana, que a supposta uniformidade de temperatura viria sem duvida a effeituar-se, no caso do calor ficar estacionario sobre a superficie da terra; mas se o calor (como era provavel) desapparecia da superficie, logo que do centro para ahi passava; que nao se podia entao esperar, que houvesse tal accumulaçao de calor; ou augmento de temperatura. Ora o principal objecto do sobredito papel do Dr. Murray hé mostrar, que da superficie da terra tal exalaçaõ de calorico nao existe ; que a natureza tem contra isto efficasmente acautelado por meio da constituiçao da atmosfera; que o calor por conseguinte se está de continuo accumulando em o nosso globo; e que tempo virá em que toda a superficie da terra possuirá o mesmo grau de temperatura; que em conformidade com esta noçao as regioens polares vao todos os annos ficando mais VOL. XV

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quentes ; e que a final terao uma temperatura igual á da zona torrida. Nós porem julgamos que a radiaçao do calor hé muito maior do que este engenhoso chi mico parece suppor. Todo o individuo, que com attençao ler o admiravel Tratado do Dr. Wells sobre o orvalho, ficará por certo convencido de que esta radiaçao, mesmo em tempo frio, hé muito consideravel. Em noites claras achou o Dr. Wells estar o orvalho 13 ou 14 graus mais frio, que o ar atmosferico: nem há razaō alguma para suppormos, que o calor que radêa deste modo hé interceptado pela atmosfera. Quanto ao facto das regioens polares estarem actualmente mais quentes do que estavao há milhares de annos atraz, nao sabemos sobre que fundamento firma o author tal opiniao antes pelo contrario temos convincentes provas de que tal melhoramento nao há experimentado o nosso globo; Greenland Septentrional, por exemplo, que era antigamente accessivel e até povoada pelos Dinamarquezes, está há seculos bloqueada pelo gelo de sorte, que ainda ignoramos, se os seos pobres habitantes continuaō a lutar com a sua infeliz situaçaõ; ou se já perecerao por falta de mantimentos ou pela inclemencia do clima. De mais M. Scoresby verificou ultimamente, que a temperatura media da latitude 78°, na costa de Spitzbergen, hé só 18 graus em lugar de 34, segundo havia M. Kirwan calculado; e o mesmo Scoresby assenta ser demonstravel, que no polo a temperatura media nao sera mais que 7 ou 8 graus. Quanto a nós, julgamos muito mais provavel que o calor, que a superficie da terra de si despede por meio da radiaçao, hé quasi equivalente ao que a mesma recebe pelos raios do sol, e que a temperatura media do globo hé quasi estacionaria. Sobre a questao da existencia de um fogo central parece-nos, que o author podia lançar maõ de outros argumentos que menos disputaveis fossem ; entre varios trazemos o seguinte que julgamos de todo conclusivo, a saber;-a temperatura media das minas se tem sempre achado ser a temperatura media do paiz em que está a mina situada ; nao se tem porem visto que a temperatura suba a proporçao que a mina augmenta em profundidade, o que deveria indubitavelmente accontecer na bypothese de existir um fogo central.

Simplices Promotores de Combustaõ.

Os simplices promotores de combustao, actualmente conhecidos, montaō á tres, isto hé, oxygenio, iodine, e chlorine; e será fluorine o quarta, se for exacta a hypothese de M. Ampere, tao habilmente sustentada por Sir H. Davy. Tem-se ultimamente descuberto factos assas relevantes relativos á estes corpos: e passaremos a fazer mençao dos que julgamos mais essenciaes :

1. Oxygenio. Esta substancia foi elevada por Lavoisier ao mais exaltado grau entre as substancias chimicas. Elle a considerava como o principio acidificante; como o unico promotor de combustao; e como capaz de se combinar com todos os corpos simplices, e de os modificar. Porem as descubertas moder nas em chimica tem roubado ao oxygenio grande parte da sua dignidade. Davy por exemplo há mostrado, que elle entra tanto na formação dos alcalis, como dos acidos: que muitos acidos há, que nenhum oxygenio em si contem; e que nao hé por conseguinte o principio acidificante: hé justo, ao mesmo tempo que aqui observemos ser esta opiniao a que há sempre mantido o illustre Berthollet-philosopho, cuja sagacidade e profundo saber em muitos pontos da chimica sao por certo dignos da maior admiraçao e applauso.

O oxygenio tem igualmente perdido o privilegio de ser o unico simples promotor da combustao: pois que o chlorine possue esta mesma propriedade em maior grau do que o oxygenio; com esta singular excepçaō, que o carboneo nelle nao arde, nem com elle se combina. Jodine hé sem duvida um promotor de 'combustao inferior aos dois precedentes, visto que potassio hé a unica substancia que por ora se ten observado arder nelle. Apezar de tudo isto, causa na verdade espanto, ver a obstinacia com que os Francezes continuao a dar ainda ao oxygenio o privilegio exclusivo de ser o unico simples promotor da combustao. Dizem elles, que a palavra combustao na şua accepçaõ chimica hé mui diversa do sentido que tem entre o vulgo: nada há, diz Thierry, que mais analogo séja á combustao do que o phenomeno que se nos offerece, quando lançamos um pouco de phosphoro em gaz chlorine; observamos

entao chama, e o phosphoro desapparece: e por outro lado nada há que menos se pareça com a combustao do que a ferrugem que adquire o ferro em um lugar humido entretanto a primeira naõ hé uma verdadeira combustao, mas sim a segunda. (Vid. Annales de Chimie, xcII. p. 53.) Quanto a nós, somos de parecer que os chimicos Francezes simplesmente alterao o sentido de uma palavra, que há sido conhecida e entendida desde que o genero humano tem idea de fogo. O que bé o abrazamento do phosphoro em gaz chlorine senaō uma perfeita combustao no sentido chimico da palavra? A ferrugem porem que adquire o ferro em um lugar humido hé um phenomeno, que nao póde ser denominado combustao tanto pelo valgo como por todo o chimico que attento ponderar sobre a materia, pois que elle meramente consiste na transiçao do oxygenio d'agua para o ferro. Thenard e Gay Lussac classificao chlorine e codine entre as substancias combustiveis, só por que ellas tem a propriedade de se combinarem com oxygenio. Ainda haveria talvez algum fundamento para elles collocarem estas substancias em uma classe separada; mas denomina-las combustiveis hé assaz absurdo: por isso que na sua combinaçao com o oxygenio nada há que se pareça com a combustaō em qualquer accepçao da palavra: a sua uniaō naō bé directamente effeituada, e alem disso nao hé por modo algum intima. Que motivo há para que os promotores de combustao nao tenhaō a propriedade de se combinarem huns com os outros? Hé bem sabido que os simplices combustiveis tem esta mesma propriedade: o enxofre por exemplo se combina com o cobre com tal força, que produz luz e calor em abundancia; e ninguem por isso há classificado o enxofre entre os promotores de combustaō: nem devemos classificar chlorine e iodine com o enxofre, só porque todos tres se combinao com o hydrogenio, e formao um acido.

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O unico privilegio exclusivo que ainda pertence ao oxygenio hé, que só elle e os seos compostos saō proprios para a respiraçao dos animaes, e mesmo necessarios para a preservaçao da vida: pois se inspirarmos os outros promotores de combustao, segue-se immediainente a suspensao da vida animal.

2. Chlorine hé agora geralmente reconhecido como

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