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As lagrimas

da imperatriz

AS LAGRIMAS DA IMPERATRIZ

Nosso primeiro Imperador tinha em si a tara de seus antepassados, devassos representantes do bastardo duque de Bragança.

Sua mãe, Carlota Joaquina, impetuosa e nymphoma→ niaca, celebrizou-se pelas suas loucuras amorosas com o famoso Santos, moço de cavallariça.

Sua avó, Maria I, passou para a Historia, com o cognome de "A louca".

Filho e neto de duas loucas, certo D. Pedro não podia ser um monarcha equilibrado.

Muitos eram os seus defeitos e vicios: o maior de todos era o "rabo de saia”. Deante duma formosa mulher, D. Pedro perdia a compostura e o juizo, fosse ella uma simples marafona ou a consorte dum de seus ministros. Neste particular tinha uma ousadia perigosa. Os maridos de mulheres bonitas sabiam disso e precatavam-se como melhor podiam, prohibindo mesmo as caras metades de frequentar as festas do Paço, para que o monarcha não as visse e não as cobiçasse.

Ainda ha pouco tempo, um velhinho de Taubaté nos contava que ouvira de seu pae o seguinte relato:

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"Em 1822, quando D. Pedro esteve em viagem para S. Paulo, deveria passar por Taubaté, a princeza do Norte Paulista, que então disputava com a propria capital da provincia a primazia dos progressos e riquezas. Havia ali lindas mulheres, formosas taubateanas. O vigario, que já conhecia de fama o principe e seu "fraco" pelas mulheres bonitas, temendo, com razão, qualquer incidente desagradavel, bom pastor que era, afastou da cidade, com proveitosos conselhos, "as lindas ovelhinhas" que poderiam ser cobiçadas pelo insaciavel "lobo" de sangue azul. E assim D. Pedro só viu em Taubaté matronas respeitaveis... pela feiura.”

E' possivel que isso acontecesse em outras cidades por onde passou o principe, até o fim de sua jornada.

Dahi, talvez, a origem das palavras proferidas ao abraçar o velho José Bonifacio, quando acabava de chegar de S. Paulo:

"Sua terra é encantadora, sua gente muito bondosa: mas, oh! meu amigo, cansei de vêr mulheres feias: só vi uma "carinha" de anjo - a Domitilla, a quem esfaquearam barbaramente."

O velho Andrade, rindo-se, ironicamente retrucou:

"Talvez por ser bonita, e para que Vossa Alteza não a cobiçasse."

Dias depois, D. Pedro mandava buscar a "carinha de anjo", para a transformar em a "Senhora Marqueza de San

tos"... e quasi "Imperatriz do Brasil". E foi esta mulher que torturou a pobre Maria Leopoldina com as maiores humilhações que uma feliz amante póde dispensar a uma virtuosa esposa.

Leopoldina tudo supportava com paciencia verdadeiramente christă. Deante do esposo e da Côrte, a Imperatriz parecia a mais feliz das criaturas. Mas na intimidade dos amigos chorava copiosamente.

A principio era seu confidente o velho José Bonifacio; deportado este, tomou o seu logar o circumspecto Marquez xle Aracaty e a senhora Beaurepaire.

Do seu concubinato com a Domitilla, D. Pedro teve filhas, a quem legitimou ostensivamente, dando-lhes titulos de duquezas. Eis um desses documentos:

"Declaro que houve Uma Filha de mulher nobre, e Limpa de Sangue, a qual ordenei que se chamasse Dona Isabel Maria de Alcantara Brasileira, e a mandei criar em casa do Gentil-Homem de Minha Imperial Camara, João de Castro Canto e Mello. E para que isto a todo o tempo conste, Faço esta expressa Declaração, que será registrada nos Livros da Secretaria de Estado dos Negocios do Imperio, ficando o original em mão do mesmo Gentil-Homem da Imperial Camara para ser devidamente entregue á dita Minha Filha, como seu Titulo. Palacio do Rio de Janeiro, vinte e

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