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navios de escravatura, que se se achavao no rio, forao agarrados por estes grandes defensores da liberdade, e recambiados para os seos grilhoens! Tobias, que he agora ferreiro em Serra Leoa, havendo fugido de um navio de cscravatura, foi agarrado por ordem do Governador, e prezo na cadea; fugindo porem igualmente deste lugar, escondeo-se nas montanhas até que os scos perseguidores derao á vela; e hé actualmente um mui util membro da colonia.

13. "A Companhia hé accusada de haver consentido que o guarda do seo armazem supprisse com o necessario aos feitores e navios de escravatura, e que promovesse o commercio por todos os meios possiveis." O Relatorio procura segazmente confundir os traficantes de escravos com os chefes Africanos; e tambem provar, que a Companhia nao podia commerciar senaô com traficantes de escravos; e que hé falso: por quuuto o escravo hé o artigo principal de commercio, e os chefes preferem sempre vender escravos, para obter o que necessitao; nao havendo porem quem os compre, elles vendem arroz, marfim, gado, frutas, aves &c. &c. e nunca vao mercar escravos com aquillo que receberaō em troca destes artigos: em uma palavra podiamos, sempre commerciar com os chefes Africanos, sem augmentar, mas sim diminuindo sempre o trafico da escravatura. Mas supponhamos nós ser um facto que a Companhia nao podia de forma alguma commerciar sem fomentar tal trafico; que deveriaō esses immaculados senhores fazer em tal caso? Por certo que lhes faria muita honra se dicessem, "acabe a Companhia, para que o nosso caracter nao fique manchado; restituamos á cada proprietario a soma que lhe pertence; as nossas promessas nao devem por modo algum ser violadas; nem podemos trocar a nossa honra e fama por marfim e arroz.' Companhia vendesse aos chefes tudo o que estes precizavao por um preço mui moderado, ella efficazmente concorreria para os desviar do commercio de escravos, mostrando-lhes que derivavao maior lucro, vendendo producçoens naturaes, do que supprindo aos feitores e navios com escravos: ella nao devia ao mesmo tempo negociar com aquelles, que fossem trocar as suas mercadorias por escravos; a sua conducta pelo contrario foi mui diversa, por quauto vendiao tudo aos feitores e aos capitaens dos navios de escravatura; os quaes se

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viaõ entao habilitados para obter escravos dos chefes Africanos; e deste modo se hia nutrindo a vibora, que a Companhia havia fielmente promettido destruir a ponto tal, que Botifer, e outros mais negociantes de escravos, confessavao, que á Serra Leoa, e aos artigos que compravao do armazem da Companhia deviaō elles os seos principaes ganhos.

14. M. Thorpe diz, " que mesmo durante a administraçao de M. Ludlam duas carregaçoens de escravos, que se haviaō tomado aos Americanos, forao publicamente vendidas a vinte dollars por cabeça." Isto hé um facto, o capitao Parker, que foi quem aprisionou os dittos navios e escravos, era amigo dos Directores da Companhia; estes desejando obzequia-lo, consentirao por conseguinte que sem processo algum previo tudo fosse vendido em proveito dos captores! Nao foi um tal procedimento imperdoavel? O Relatorio affirma, que os escravos nao se vendêraō; eu porem posso provar com o testemunhas oculares, que os escravos forao todos levados á hum mercado publico, que forao apregoados, e expostos para venda em leilao publico; que haviao vendedores e compradores; que se pagarao os preços, e que os senhores levarao comsigo os seos escravos: e isto entao nao hé venda!! M. Nylander, Hamilton, e Vanneck tiverao o offerecimento de alguns; elles porem declaráraó que nao queriao comprar escravos; Mr. Forbes comprou dois; e ao deixar a colonia perguntou ao Governador Ludlam se os podia vender, ao que elle respondeo, Que sim; elle por tanto os vendeo por vinte dollars cada um, que era pouco mais ou menos o preço de taes escravos nos rios vizinhos. O Relatorio igualmente assevera, que o governador Ludlam puzera de parte quarenta dos melhores, e que os empregára no servico do governo, promettendo-lhes a sua alforria no fim de tres annos. Ora eu estive na colonia tres annos, depois de isto haver occorrido, e nunca ouvi que esta promessa houvesse sido fielmente desempenhada.

Havendo finalizado a minha replica ao Relatorio Especial, pelo que diz respeito à Companhia de Serra Leôa; resta-me agora propor varias questoens, a fim de que os Directores hajao de meditar sobre ellas.

(Continuar-se-ha.)

Historia da Embaxada no Graõ Ducado de Varsovia

em 1812.

Por M. de Pradt, Arcebispo de Malines, &c.*

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Discite justitiam moniti, et non temnere reges.

:: O Imperador foi apanhado de subito quando do fundo de uma das suas tenebrozas cogitaçoens deixou escapar estas palavras memoráveis: Senao existisse um certo homem, eu teria sido o Senhor do mundo. E quem será este homem, que partecipando, por assim dizer, da omnipotencias da Divindade, poude dizer a esta torrente-non ibis amplius?pararás aqui ? Quaesteraб as suas armas, os seos thezouros esos/seos meios para ter naõ nesse soberbo dominador da França e da Europa, que, por cima de pedaços de thronos, de naçoens sex de Leis, com um pé mergulhadomem sangue e outro sobre ruinas, se arrojava em idea até osdimites do mundo, e na sêde insaciavel de dominaçaõ parecia por alguma forma estar sufocado no meia de todo o universo ?...

Este homem era eu. Por esta expreçao, eu devo ter salvado o mundo, e com este titulo na mao podia tê lo

* Em o nosso No. 53 annunciamos esta Obra, e principiamos a dar della os Extractos, que nos haviao sido enviados por um sabio e respeitavel Correspondente, e que prometia continua-los. Com tudo como vemos que as suas circunstancias de certo o tem impedido de realizar as suas promessas, a neste intervalo nos veio a maỡ a Obra citada, vamos tomar a nosso cargo o faze-la conhecida aos nossos leitores Portuguezes. A Embaxada da Polonia está conexa com os grandes successos, que destruiram o novo Imperio do Occidente, e esta circunstancia só basta para fazer o grande interesse deste livro.lan

#Para entender-se o espirito do Auctor nas denominaçoens que ainda conserva, fallando de Buonaparte, hé bem saber-se o que elle diz em um dos Prefacios da Obra." Este livro foi composto em Março de 1814; e devia-se, portanto, quando se fallava de Napoleão, usar habitualmente das unicas denominaçoens, que então existiaõ. Empregar a palavra Buonaparte em 1812 seria tao fora de proposito como empregar, hoje a de- Imperador. Os nomes nao conferem direitos: sao unicamente sinaes com que se designao cousas positivas e existentes, e empregao-se para melhor se aclararem as ideas." Esta explicaçao servirá para tirar os escrupulos a muitos Leitores, por que ha escrupulos em religiao como em politica.Os Redactores

VOL. XV.

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desafiado para ver se era capaz de igular o seo reconhecimento a tamanho beneficio. Porem mui longe de mim está a idea de querer atribuir-me taes direitos!

"A exclamação do Imperador Napoleaō; as mil alegaçoens que fez de que eu tinha deitado a perder os negocios da Polonia; que eu nao tinha sabido o que era a Polonia, expressao familiar á este Principe, como á todos os revolucionarios, que todos igualmente tem extrahido a sua lingoagem eas suas ideas dos Diccionarios da Revoluçao; todas estas imputaçoens, repito ainda, nao tem o mais pequeno fundamento. As provas de tudo isto vou eu já apresentar; todas estas accusaçoens devem-se imputar ás cauzas seguintes:

1. A disposição de espirito de um Principe que, pondo a sua propria infallibilidade na classe dos axiomas mais rigorosos da geometria, nao pode em caso algum atribuir á si a falta de successo em todas as suas emprezas; o que sendo sempre verdadeiro o hé ainda mais na epocha de um primeiro revez, que hé tambem a da maior sensibilidade; revez, que o amor proprio admirado e zangado nao pode explicar senaõ lançando a culpa sobre os que.concorreram na acçao.

Hé necessario um culpado, e aquelle, que só tem o direito de o designar, nunca se nomea a si.

2. A falta de attençao que sempre dá a tudo o que o rodea, assim como á falta de instrucçaõ da maior parte daquelles á quem por dever competia, por assim dizer, nunca o perderem de vista. . . . . Mas isto precisa de explicaçao.

Elle

O Imperador hé superiormente ignorante: a mesma qualidade do seo espirito movel, e habitualmente propenso para especulaçoens de toda a especie, nunca o deixará adquirir uma verdadeira instrucçao. sonha ou falla, assigna papeis, e nunca os lê: falla sobre tudo, mas nao profunda nada. Basta ver como o Imperador corre um livro, ou outro qualquer escripto para se ver que proveito poderá delle tirar. As folhas vôaô-lhe debaixo dos dedos, os olhos correm, como a galope, sobre cada uma das paginas, e em pouco tempo o desgraçado escripto hé quase sempre pôsto de parte com um sinal de desprezo, e com todas as formulas geraes do desdem. "Neste livro nao há senaō tolices: o seo auctor hé um Ideologista, um

Constituinte, um Jansenista." Este ultimo epitheto hé o maximum das injurias. Com a cabeça sempre nas nuvens, e derigindo o vôo para o empireo, quando se acha neste ponto elevado, a sua pertençao bé de ver a terra com os olhos da aguia, e quando tem a condescendencia de a tocar com os pés, de correr sobre ella com passos de gigante.

Porem nao he assim que se tratao os negocios, nem que os frageis humanos adquirem a instrucçao...0 mais que isto faz hé conhecer os objectos em massa, o que vem a ser o mesmo que nao os conhecer. Assim, o Imperador nao conhece nem os homens nem as cousas do seo paiz... arrasta, impele a umas e outros, e nem estes nem aquellas conhece. Algumas boas lembranças, alguns rasgos de discernimento, certos relampagos de memoria compoem quase toda a riqueza da sua instrucçao, assim como alguns folhetos formao todo o fundo da sua bibliotheca... Hé preciso tê-lo visto de perto, e particularmente ter viajado com elle para ter idea de uma ignorancia, que muitas vezes dá occasiaõ a fazerem-se juizos os mais extravagantemente errados a cerca dos homens, e os mais loucos e grosseiros a cerca das cousas. Eu fui disto testemunha em muitas occasioens, e em tempo e lugar convenientes apontarei exemplos que confirmem esta verdade.

O Imperador corre sempre a traz da sua idea, que hé como uma especie de caça de que nimguem hé capaz de desvia-lo. Em quanto está occupado com um ob. jecto nada mais existe para elle: assim, cousa maravilhosa, ainda que bem contraria em aparencia ao genio e reputaçao do governo Francez, todo o agente do governo, que directamente se nao encontra, por assim dizer, com elle no mesmo caminho, fica como independente no meio de um violento despotismo, e pode fazer com impunidade todas as extravagancias que quizer, assim como todo o bem que dezejar sem que pessoa alguma repare para isto.

Quanto acabo de dizer hé bem extraordinario, e pareserá de todo novo a muita gente. Podem mui bem "dizer que eu só tento mostrar um espirito de critica, e que tenho a mania de passar por homem de muita

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